Em entrevista à CNN, o diretor-executivo para as Américas da Eurasia, Christopher Garman, disse que “dificilmente” o mundo passará por uma crise de alimentos tão grave como a que foi vivida no ponto mais agudo da guerra na Ucrânia, mesmo após a suspensão do acordo de grãos pela Rússia no início dessa semana.
O país anunciou, na segunda-feira (17), que estava se retirando do acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro, alegando que as demandas para melhorar suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes não foram atendidas e reclamando que grãos ucranianos não estavam sendo destinados a países pobres em volumes suficientes.
Para Garman, a má notícia é que o fim do acordo não parece ser reversível no futuro próximo, e é isso que está fazendo os preços de alimentos no mercado internacional subirem.
Mas para ele, alguns motivos tornam improvável uma nova crise de alimentos mundial.
“O preço dos grãos ainda está 50% abaixo do que estava no pico da guerra” explicou o especialista. Mesmo que os preços tenham aumentado, isso acontece num contexto em que os preços de alimentos estão em baixa globalmente.
Além disso, ele aponta que 47% da produção de grãos ucranianos já está sendo redirecionada e exportada por outras vias que não envolvem os portos do sul do país, o que ajuda a escoar a produção.
Um terceiro motivo, segundo o especialista, é o aumento da produção de grãos em vários outros países.
Impacto no Brasil
Garman acredita que o impacto do fim do acordo de grãos para o mercado de alimentos brasileiro também não deve ser tão forte.
“O aumento no preço global dos alimentos impacta a importação brasileira e se traduz em aumento na inflação em alguns produtos. Mas, no contexto mais amplo, é importante colocar que o Brasil vive um momento de queda no preço dos alimentos nos últimos seis meses”, disse.
Ele ainda acrescenta que este impacto pode se tornar maior caso as mudanças climáticas e o fenômeno El Niño prejudiquem as safras deste ano.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
*Entrevista produzida por Duda Cambraia, da CNN, em São Paulo
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