A expectativa de que o primeiro corte nos juros americanos viria em junho ruiu com a divulgação do CPI, o IPCA dos EUA. Até ontem, de acordo com a pesquisa diária da CME, 56% do mercado acreditava nessa hipótese. Divulgado o CPI, essa proporção desabou para 16,5%.
Agora a maioria aposta num primeiro corte só na reunião de julho do Fed, então? Nada. 59% passaram a achar que vai ser depois disso.
Sergio Werlang, da FGV e ex-diretor de política econômica do Banco Central, já imaginava isso antes do CPI. “Creio que o primeiro corte de juros do Fed vai vir só em setembro [a reunião seguinte à de julho] – ou até um pouco mais adiante”, ele disse ao InvestNews na semana passada.
De ontem para hoje, o time do “até um pouco mais adiante” engrossou. 43% apostam que o corte inicial só virá em novembro. Na terça (9), eram só 25%.
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O núcleo do CPI, versão do índice que exclui energia e alimentos, ajuda a explicar melhor esse clima de pessimismo – gasolina e comida, afinal, são ítens menos sensíveis a juros e mais à geopolítica e ao clima, coisas que, infelizmente, nenhum banco central controla. O núcleo, enfim, está em 3,8%, ainda pior que os 3,5% do CPI cheio, e bem distante da meta do Fed, de 2%.
Mas e aí? Quando o CPI vai ceder de vez? “Por enquanto, há inércia, com a inflação do presente respondendo à inflação passada. Só quando ela retornar a 3,0%, e cair rapidamente abaixo disso, vai convergir para a meta”, diz Werlang.
É isso. Antes que essa convergência esteja clara, não vai dar para esperar que Fed presenteie o mercado com uma sequência de cortes. 14%, inclusive, já acreditam que não haverá corte neste ano at all.
Quem viver verá.