A colheita da soja no Rio Grande do Sul começou no final de março, e 76% da área cultivada já passou pelo processo. A expectativa era de 22 milhões de toneladas, o dobro do ano passado. Mas aí vieram as chuvas.
“Não acredito que chegaremos nem a 20 milhões de toneladas”, disse Luiz Fernando Fuchs, presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS) à revista Globo Rural.
“As plantas que estão na lavoura agora serão bastante prejudicadas pelo excesso de água. Podemos dizer que será uma perda quase total”, afirmou.
As chuvas também interromperam o abate em frigoríficos. Questionada pelo site The AgriBiz, a BRF disse por meio de nota que suspendeu as operações em “algumas unidades” do RS.
Não é “só” a produção. As chuvas transformaram o estado num inferno logístico. Até as 14h do sábado (4), 130 trechos de 62 rodovias tinham algum tipo de bloqueios, incluindo estradas e pontes, de acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Ou seja: o escoamento do agro fica comprometido.
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Entre 30% e 40% da produção diária de leite no RS, por exemplo, passa por alguma dificuldade para chegar à indústria desde o início das chuvas, de acordo com o Sindilat-RS, o sindicato de produtores de laticínios do estado.
“Não tem luz, água. A ração para os animais também acabou. Jogamos 12 mil litros de leite fora, hoje de manhã nem conseguimos ordenhar as vacas, por não ter mais combustível”, disse o fazendeiro Diogo Ferraboli à jornalista Gisele Loebleinm, da GZH.
Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, pelo menos 300 foram afetados pelas chuvas, de acordo com a Defesa Civil do estado. Até a tarde de sábado, eram 57 mortos, 32 mil desalojados e 9,5 mil em abrigos.