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Gestoras globais veem bolsas americanas ‘esticadas’ e oportunidade em Europa e Ásia

Para alguns investidores, o excepcionalismo dos EUA que alimentou o rali recorde em Wall Street chegou ao fim.

Apesar do consumo resiliente e do otimismo em torno da inteligência artificial, o ritmo de crescimento econômico dos EUA caiu para uma mínima de quase dois anos no último trimestre, enquanto a inflação permanece elevada. A confiança já começou a vacilar, e o índice S&P 500 interrompeu uma sequência de cinco meses consecutivos de alta em abril, após uma série de balanços importantes que decepcionaram.

São sinais de que as expectativas de que a maior economia do mundo e suas empresas superarão as outras mesmo com juros mais elevadas, estão equivocadas, segundo grandes gestoras como Pictet e Amundi. Existem oportunidades melhores na Europa e na Ásia, com valuations e perspectivas de inflação mais favoráveis, disseram.

O excepcionalismo dos EUA “é superestimado”, disse Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet. “Provavelmente há otimismo demais em relação aos EUA em termos de crescimento, e pessimismo demais em relação ao resto do mundo.”

Os argumentos refletem a preocupação de alguns investidores com o impacto que os juros mais elevados nos EUA ainda terão sobre o crescimento e a saúde das empresas,.

Paolini, membro votante do comitê de investimentos da Pictet, disse que a gestora suíça tem realocado recursos dos EUA para a Europa nas últimas semanas. Ele vê valor em setores orientados para o mercado doméstico, como bens de consumo e bancos, assim como ações do Reino Unido, devido à exposição a matérias-primas, acrescentou.

Uma enquete do Bank of America no mês passado mostrou que as gestoras globais tinham o maior nível de alta exposição (overweight) a ações europeias desde fevereiro de 2022. Analistas do JPMorgan disseram no final do mês passado que valuations mais atraentes poderão conduzir a uma melhora da relação risco-recompensa para as ações da zona euro em relação aos EUA.

Monica Defend, chefe do Amundi Investment Institute, disse que a maior gestora da Europa está com exposição reduzida (underweight) a EUA em sua carteira de ações globais. A empresa, que administra mais de US$ 2,1 trilhões, está overweight em ações do Reino Unido e neutra em Europa.

“O setor de tecnologia dos EUA está sobrevalorizado e não queremos ficar expostos a setores orientados para o consumo em um momento de desaceleração econômica”, disse ela. “A narrativa de desinflação é muito mais crível na Europa do que nos EUA.”

A T. Rowe Price aumentou seus investimentos em ações asiáticas. Os exportadores asiáticos e os “países com fortes histórias de crescimento interno” provavelmente terão um desempenho superior em meio à incerteza sobre a economia dos EUA, disse Rahul Ghosh, especialista em carteiras de ações globais da gestora, que administra cerca de US$ 1,5 trilhão.

Algumas das “estratégias concentradas” da T. Rowe têm aumentado exposição a ações financeiras e tecnológicas na Indonésia e na Coreia do Sul, enquanto fundos diversificados estão aumentando posições em ações chinesas este ano, disse Ghosh.

A Ásia tem um histórico de superar o desempenho dos EUA durante ciclos de flexibilização do Fed, disse Ray Sharma-Ong, chefe de soluções de investimento multiativos para o Sudeste Asiático da abrdn Plc, em entrevista à TV Bloomberg. A gestora de ativos prefere Índia, China, Coreia e Taiwan.

Pictet e Amundi estão entre os investidores com maior peso em Japão, onde o iene fraco ajuda os exportadores e o aumento dos preços ao consumidor ajuda os fabricantes locais.

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