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IPCA acelera alta em abril com peso de alimentos e produtos farmacêuticos

Os custos dos alimentos e de produtos farmacêuticos pressionaram os bolsos dos consumidores e a inflação no Brasil ficou um pouco acima do esperado em abril, embora a taxa em 12 meses tenha mostrado alívio.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,38% em abril, depois de uma alta de 0,16% em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Nos 12 meses até abril, o IPCA seguiu abaixo da marca de 4% ao subir 3,69%, de 3,93% em março.

Os resultados ficaram ligeiramente acima das expectativas em pesquisa da Reuters de avanço de 0,35% no mês e de 3,66% em 12 meses.

O centro da meta para a inflação, medida pelo IPCA, este ano é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os grupos Saúde e cuidados pessoais e Alimentação e bebidas, com altas respectivas de 1,16% e de 0,70%, foram os destaques no índice de abril, sendo responsáveis pelos maiores impactos, ambos com 0,15 ponto percentual.

De acordo com o gerente da pesquisa, André Almeida, o grupo Saúde e cuidados pessoais foi afetado pela alta de 2,84% nos preços dos produtos farmacêuticos devido ao reajuste de até 4,5% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos a partir de 31 de março.

Já em Alimentação e bebidas, o avanço dos preços de alimentação no domicílio acelerou de 0,59% em março para 0,81% em abril. Mamão (22,76%), cebola (15,63%), tomate (14,09%) e café moído (3,08%) tiveram as altas mais expressivas, provocadas pela menor oferta desses produtos em abril.

“Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção”, explicou Almeida.

Por sua vez, depois de uma queda de 0,33% em março, os custos de Transportes passaram a subir 0,14% no mês passado. Por um lado, as passagens aéreas recuaram 12,09%, mas por outro os combustíveis aumentaram 1,74%. Etanol (4,56%), gasolina (1,50%) e óleo diesel (0,32%) registraram altas.

Já a inflação de serviços desacelerou a alta a 0,05% em abril, de 0,10% no mês anterior, acumulando em 12 meses avanço de 4,60%.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em abril alta a 57%, de 56% em março.

Para o cálculo do IPCA do mês, os preços foram coletados no período de 29 de março a 30 de abril de 2024 e ainda não devem refletir os problemas provocados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul desde o final de abril. Analistas esperam impactos das inundações em produtos como arroz, carnes e laticínios.

O Banco Central vem destacando uma maior preocupação com possível pressão de salários sobre os preços diante do mercado de trabalho aquecido, além de uma maior incerteza sobre a dinâmica de queda da inflação doméstica, notando que a inflação de serviços subjacente segue em nível elevado.

O BC decidiu reduzir nesta semana o ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, para 10,50% ao ano, abandonando sua indicação sobre o futuro dos juros básicos.

Também voltou a destacar as expectativas de inflação desancoradas e medidas de inflação subjacente (que excluem dados mais voláteis) acima da meta, piorando suas próprias projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião anterior.

Analistas aguardam agora a divulgação da ata dessa reunião, na próxima terça-feira, para obter mais detalhes sobre a decisão e o cenário para a política monetária.