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Ibovespa recua impactado por Petrobras, que ofusca dados dos EUA; dólar sobe

O Ibovespa fechou em queda de 0,38% nesta quarta-feira (15), aos 128.027,59 pontos, pressionado pelo declínio de 6% das ações da Petrobras após a troca no comando da estatal. A mudança ofuscou dados norte-americanos de inflação que reforçaram apostas de corte de juros em setembro na maior economia do mundo.

O indicador recuou a 127.029,30 no pior momento e registrado 128.645,75 na máxima do pregão, marcado também pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa. O volume financeiro somou R$ 32,7 bilhões.

Inflação americana

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% no mês passado, após avançar 0,4% em março e fevereiro, de acordo com o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março. Economistas previam alta de 0,4% e 3,4%, respectivamente.

Após os dados, os futuros dos juros nos EUA precificavam chance de 73% de um corte na taxa de juros norte-americana pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, em setembro, de 69% antes dos números.

Ainda na pauta norte-americana, as vendas no varejo ficaram estáveis em abril, ante previsão no mercado de alta de 0,4%, com preços mais altos da gasolina afetando as compras de outros produtos, indicando perda de força dos gastos do consumidor.

O chefe da EQI Research, Luís Moran, destacou que os números estão mostrando que a política monetária está produzindo efeitos e que já dá para diminuir um pouco a dose de aperto monetário, que continuará forte mesmo que ele comece a reduzir neste ano.

Moran acrescentou que era para ser um dia positivo no mercado, com Wall Street em alta e os rendimentos dos Treasuries caindo, mas que o noticiário envolvendo a Petrobras azedou o humor, embora não espere uma grande mudança na estatal no curto prazo.

Na avaliação de Moran, Petrobras é uma empresa “super descontada” do ponto de vista de múltiplos em boa parte por causa dos ruídos políticos “o tempo inteiro”. “Não achamos que muda dramaticamente o caso…continua sendo um negócio atraente, ainda mais nesse preço, mas não é para quem tem estômago fraco.”

Dólar

O dólar à vista fechou a quarta-feira em leve alta de 0,13%, a R$ 5,1368, com preocupações sobre a ingerência política na Petrobras impulsionando as cotações, por um lado, e os dados favoráveis de inflação nos EUA retirando parte da pressão sobre a moeda norte-americana, por outro.

Em maio, porém, a divisa acumula queda de 1,08%.

Destaques do pregão

PETROBRAS PN caiu 6,04%, após Jean Paul Prates deixar a estatal após decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que deixou investidores preocupados sobre maior ingerência política na empresa. No pior momento, a Petrobras chegou a perder quase R$ 50 bilhões em valor de mercado. O governo informou que vai indicar para a posição a ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Magda Chambriard. O conselho de administração nomeou Clarice Coppetti como presidente interina.

– JBS ON disparou 8,11%, após a maior processadora de carnes do mundo reportar lucro líquido de R$ 1,646 bilhã no primeiro trimestre, revertendo prejuízo do mesmo período do ano passado, com melhorias na maior parte dos negócios, enquanto o segmento bovinos nos EUA ainda enfrenta desafios. Executivos da companhia também afirmaram que a JBS continuará a entregar desalavancagem, assim como esperar maior Ebitda e geração de caixa já no segundo trimestre.

– EMBRAER ON fechou em alta de 5,64%, mais uma vez entre as maiores altas. Em relatório com data de terça-feira, analistas do BTG Pactual citaram reportagens sobre uma nova companhia aérea, potencialmente a Zoom!, prestes a ser lançada nos EUA com aviões da fabricante brasileira. “Embora seja muito cedo para dizer se a Zoom! se tornará uma grande cliente da Embraer – nem está claro se são jatos novos ou usados, a decisão de lançar a nova companhia aérea com jatos da Embraer mostra o forte aceitação da família E1 nos EUA”, destacaram.

– ENEVA ON subiu 0,96%, tendo no radar o balanço do primeiro trimestre, com Ebitda de R$ 1,09 bilhão, recuo de 6,8% no comparativo anual. A Eneva ressaltou que o Ebitda do primeiro trimestre do ano passado foi impulsionado pelo impacto da marcação a mercado dos contratos de energia do segmento de comercialização. Excluindo esses efeitos, o Ebitda teria apresentado crescimento de 13,1% na comparação anual.

– VALE ON cedeu 0,29%, distante da mínima do dia, marcado pela queda dos preços futuros do minério de ferro na China, afetados pelas expectativas de retração sazonal da demanda no principal mercado consumidor do minério e pelo aumento das tarifas dos EUA sobre alguns produtos chineses. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1,55%, a 858 iuanes (US$ 118,78) a tonelada.

– ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,27% e BRADESCO PN cedeu 0,97%. BANCO DO BRASIL ON terminou em baixa de 1,29%, também contaminado pela percepção maior risco política em estatais após as notícias envolvendo a Petrobras.

– NUBANK, que tem suas ações negociadas em Nova York, valorizou-se 4,68%, após mostrar lucro líquido de US$ 378,8 milhões no primeiro trimestre, um salto de mais de 160% em relação ao mesmo período do ano passado. Na base ajustada, o lucro atingiu US$ 442,7 milhões, avanço de 143%, acima das expectativas no mercado.