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Cadeia produtiva é pilar para estabelecer círculo virtuoso da agenda ESG

A noção de que a cadeia produtiva é estratégica quando estamos tratando da Agenda ESG tem crescido e dado frutos. Ao consolidar relações com fornecedores bem avaliados, além de continuamente monitorados, uma corporação protege seus investimentos e sua imagem ao mesmo tempo. Portanto, para assegurar e avançar na mitigação de riscos em relação à Agenda ESG, esses são alguns fatores a considerar seriamente. 

Em vez da palavra desconfiança, que tem emergido nesse cenário, usar criteriosamente a prática da confiança – ou seja, criar e utilizar marcos de aferição para balizar decisões em relação à cadeia produtiva. Essa é uma diretriz estratégica a ser alcançada e mantida.

Significa produzir confiança, por meios objetivos, de que um fornecedor está alinhado à agenda ESG. 

Parece óbvio, mas sabemos que nem sempre esse alinhamento é o principal critério num mundo em que redução de custos e aumento dos lucros são as linhas hegemônicas de atuação. No entanto, também verificamos: à medida que as pautas ligadas à sustentabilidade ganham notoriedade e espaço, também circulam imagens e discursos que nem sempre correspondem à realidade.

Os excessos e distorções discursivas criam bolhas de desconfiança em torno da agenda ESG, como tratamos nesta coluna recentemente. Como combater esses excessos? Um caminho que podemos vislumbrar e pavimentar é o da construção da confiança e internalização das práticas, dando robustez quando se trata de governança.

Nessa mesma linha, é oportuno implementar os meios para monitorar de forma contínua, desde antes das contratações, cada etapa dos processos produtivos e elos da cadeia de suprimentos. Essa construção interna de confiança, capilarizada para cada ponto da cadeia, é a meta para a solidez que vai perpassar um discurso que se sustenta.

A blindagem da cadeia produtiva por meio de objetividade na prestação de contas; cultura organizacional baseada na equidade, mecanismos de transparência efetivos para tornar informações relevantes disponíveis e acessíveis. Tudo isso devidamente contemplado nas metas evita impactos negativos.

Temos exemplos de como a expansão e a capilarização de boas práticas é necessária. Uma reportagem publicada no Estadão (18/03), por exemplo, mostra como grandes empresas brasileiras se movimentam para garantir a expansão de boas práticas também para os seus fornecedores.

A reportagem traz dados e declarações de Vale, Klabin, Gerdau e Suzano, que demonstram como essas corporações estão apostando, por exemplo, na criação de treinamentos para aprimorar seus fornecedores nesse sentido.

É relevante observar que as motivações são pragmáticas, objetivas. Trata-se de ampliar a receptividade no mercado externo, em especial, a Europa, além de evitar multas e outros embargos em operações internacionais.

A reportagem também destaca que as boas práticas em toda a cadeia podem facilitar acesso a taxas de juros melhores, prazos mais extensos, assim como acesso a linhas de crédito específicas, por exemplo, para programas de sustentabilidade ambiental.

A Gerdau tem um conjunto de iniciativas, informadas na reportagem, que abrange muitos pontos da pauta ESG de forma objetiva para sua cadeia de fornecedores, por meio do Programa Inspire. Desde 2022, a companhia estabeleceu novas cláusulas ESG para contratações a serem feitas no Brasil.

Além disso, há incentivo para que a pauta seja parte da agenda desses fornecedores, para que seja criado programa ou política de diversidade, equidade salarial, para que haja atuação na contratação e retenção de pessoas negras, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTI+.

Outro exemplo é a Vale, que lançou em 2020 o programa Partilhar, por meio do qual a companhia tem  incentivado a cadeia de fornecedores para que contribua com o desenvolvimento sustentável das regiões onde atua. Mais de 280 fornecedores da mineradora aderiram ao programa.

*As opiniões dos colunistas não representam necessariamente a posição do InvestNews

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