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Desastres climáticos: a função social das empresas e o novo papel do investidor

Diante de toda tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, considerado um dos maiores desastres climáticos já ocorridos em terras sul americanas e – conforme noticiado aqui no InvestNews – gerando um impacto negativo econômico para o estado em mais de R$ 12 bilhões, os investidores também começam a revisar suas estratégias nas empresas atingidas.

Mas agora a revisão das carteiras possui também um novo propósito. Não é mais apenas avaliar as perdas financeiras e econômicas das empresas, mas também checar como elas estão planejando e executando sua participação no reerguimento do estado. 

O investidor hoje já tem conhecimento de que empresas de diversos setores estão paradas e que ele sofrerá com essas perdas. No entanto, ele sabe seu novo papel e tem a correta compreensão da necessidade de uso do capital investido para a recuperação das empresas e de toda a sociedade gaúcha.

LEIA MAIS: O que explica as chuvas no Rio Grande do Sul

Esse novo movimento tem muito a ver com o título desta coluna, “Salve o mundo e lucre”, já que até há pouco tempo os investidores só gostariam de saber da segunda parte. De certa forma, muda-se a própria função social da empresa, que no pensamento econômico clássico tinha somente o papel de lucrar.

Sim, o mundo está realmente mudando diante do enfrentamento dessa guerra climática. O lucro é muitas vezes deixado de lado, como no caso das empresas gaúchas que neste momento têm como objetivo central a reconstrução do estado.

Porto Alegre – Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

E o papel do investidor também está mudando. Ele também quer saber como contribuir. Quer fazer parte desse contexto de recuperação e vai olhar bem atentamente para investimentos em empresas que hoje persegue esse propósito.

Em palestra recente que tive a oportunidade de participar feita pelo Presidente da CVM, João Pedro Nascimento, sobre as novas normas de sustentabilidade mundial que a entidade colocou em audiência pública, ouvi dele o seguinte comentário: “A função social das companhias abertas mudou com o ESG e a sustentabilidade. Agora o investidor precisa acreditar que a empresa está gerando valor adicionado ainda maior para a sociedade”.

Agora é ver para crer. Principalmente, para saber até que ponto os investidores de fato entrarão nessa briga para salvar o mundo.

Alexandre Furtado é Sócio da Grant Thornton, Membro do Conselho do Centro de Pesquisa Aplicada em Contabilidade e Análise de Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Presidente da Comissão de Créditos de Carbono da ABCarb e Colaborador do Comitê de ESG do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC-SP).

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade dos autores e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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