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Compra da Kopenhagen pela Nestlé deve ter menos resistência que a da Garoto, dizem especialistas

Três meses após aprovar a compra da Garoto pela Nestlé, em um processo que durou 21 anos, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) terá agora de avaliar a compra da Kopenhagen pela multinacional suíça.

Segundo o advogado Raphael Cittadino, sócio da Cittadino, Campos e Antonioli Advogados Associados, os riscos de concentração de mercado não se assemelham aos de 2002, ano em que a compra da Garoto foi anunciada, pois a Nestlé não tem mais a mesma participação que detinha naquela época.

“Não enxergo um avanço de domínio de mercado. Essa operação aponta mais para a diversificação de portfólio da Nestlé. A Kopenhagen não tem poder de mercado a ponto de desnivelar a concorrência da Nestlé com as demais.”

Sobre o desenrolar da aquisição, Cittadino aponta dois possíveis cenários. Primeiro, a compra pode ocorrer sem quaisquer restrições. Já o segundo contexto indica para o Cade solicitar alguma compensação.

“Por exemplo, impedir que a Nestlé faça a venda das linhas de chocolate por meio da rede Kopenhagen ou impedir que os chocolates Kopenhagen tenham distribuição própria da Nestlé.”

O advogado e pesquisador da Faculdade de Direito da USP Arthur El Horr é cauteloso ao ponderar se há riscos reais de a compra enfrentar problemas concorrenciais. “O risco existe”, disse, acrescentando que considera baixo esse risco.

Segundo El Horr, o cenário também mudou desde 2002 — a legislação sofreu modificações e o mercado passou por rearranjos nesse período.

Na época da compra da Garoto, o órgão considerava que o negócio poderia gerar prejuízo à competição. Em junho deste ano, o Cade aprovou a compra por considerar que houve “significativa entrada de concorrentes” no mercado.

Ex-presidente do Cade, Gesner Oliveira observa que o órgão vai analisar as informações do mercado de chocolates e avaliar se haverá um impacto relevante estrutural.

“Não dá para dizer de antemão se vai considerar o mercado como um todo, ou apenas o premium (segmento da marca Kopenhagen). O Cade vai verificar se são mercados completamente separados ou não, as características específicas. É um trabalho muito técnico.”\

Veja também: Apple perde US$ 200 bilhões após proibição de iPhone na China

 

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