O mês de junho é sinônimo de festa junina no Brasil. Um dos destaques do evento são as comidas típicas da época, como o pinhão. Nativo da região Sul do país e de climas temperados, a semente da Araucária deve ser preparada da forma correta para evitar problemas de saúde.
A CNN conversou com o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), para entender os benefícios — e possíveis malefícios — do pinhão. Ele contou que o alimento possui potássio, ômega-3 e e ômega-6, fibras dietéticas, baixo índice glicêmico, luteína, vitamina C e ferro.
Esses nutrientes auxiliam na redução da pressão arterial, evitam doenças cardiovasculares, contribuem com o sistema digestivo, auxiliam no relaxamento muscular e têm baixo índice glicêmico. Além disso, também melhoram o sistema imunológico.
A nutricionista esportiva funcional Alice Paiva disse à CNN que o pinhão é composto, principalmente, por amido, gordura e proteínas. “O pinhão é uma excelente fonte de energia devido ao seu alto teor de carboidratos complexos”, afirmou.
Com um sabor amanteigado e uma textura macia após ser cozida, a semente também tem vitaminas do complexo B, vitamina E, zinco, fósforo e magnésio.
Com cerca de 700 miligramas de potássio a cada 100 gramas de pinhão, a quantidade do mineral da semente ajuda na redução da pressão arterial. A conclusão é de um estudo publicado na European Heart Journal, em 2022.
Realizada com mais de 11 mil homens e 13 mil mulheres, a pesquisa indica que pessoas com uma concentração maior do mineral na urina tendem a ter a pressão arterial mais baixa e um menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares. O estudo ainda diz que a diminuição da pressão arterial aumenta a proteção cardiovascular.
A nutricionista Raissa Vianna, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, explicou que nutrientes do pinhão, como ômega-3 e ômega-6, auxiliam na prevenção de doenças cardiovasculares. “O pinhão tem ácidos graxos linoleicos, que auxiliam na redução do colesterol“, afirmou.
Segundo a American Heart Association (AHA), o aumento da ingestão de ômega-3 ajuda na prevenção de diversas doenças do coração, como a insuficiência cardíaca recorrente, doença cardíaca coronária recorrente e morte cardíaca súbita em pacientes com DAC (doença arterial coronariana).
Devido à abundância de fibras, o pinhão previne a constipação e ajuda a regular o intestino. Além disso, também contribui com a saciedade.
“Outro aspecto importante é a alta quantidade fibras dietéticas que, por diminuir a velocidade de esvaziamento gástrico, promove saciedade”, explica o nutrólogo Ribas Filho.
O pinhão tem vitamina C, que, segundo estudo publicado na Revista JRG de Estudos Acadêmicos, ajuda no sistema imunológico.
A pesquisa afirma que a vitamina tem potencial antioxidante (que é a diminuição de radicais livres que podem prejudicar nosso organismo) e efeito positivo no sistema imunitário. Isso faz com que a vitamina seja indicada para prevenir doenças como a gripe.
A nutricionista Raissa também afirma que o pinhão é uma ótima fonte de energia.
“Mesmo sendo um alimento com alto teor calórico, a liberação de glicose para a célula ocorre de forma mais lenta, garantido que a energia esteja disponível por mais tempo“, explica à CNN.
Caso não seja preparado da forma correta, na panela de pressão de 30 a 40 minutos com água e sal, Ribas Filho diz que o pinhão pode ser uma ameaça à saúde.
“O maior risco que o pinhão pode trazer é que, devido à umidade, pode estar presente uma grande quantidade de fungos e ser tóxico ao organismo humano”, afirma.
Embora o pinhão seja um alimento nutritivo, a nutricionista Alice também alerta para o consumo moderado. O teor calórico do alimento — cada 100 gramas de pinhão cozido tem 175 kcal, principalmente de carboidratos — pode contribuir para o ganho de peso.
Outra substância que pode causar problema é a pinhaina, encontrada no pinhão fresco. Quando consumidas em grandes quantidades ou cruas, resultam em desconforto gastrointestinal, náuseas e vômitos.
Os especialistas ouvidos pela CNN ainda dizem que portadores de sobrecarga renal devem ficar atentos à ingestão do pinhão. A semente tem grande concentração de potássio, um mineral que já é alto no sangue desses pacientes.
O pinhão é um alimento versátil e pode ser consumido de diversas maneiras, sendo a mais comum delas cozido em água com sal. A nutricionista Lara Natacci, coordenadora de comunicação da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban) afirma à CNN que o pinhão deve ser consumido em uma alimentação equilibrada.
“Se for consumido na refeição principal, pode ser a fonte de carboidrato, mas deve ser complementado com bastante verduras, legumes e proteínas, que seja vegetal ou animal; quando for um lanche, deve ser complementado com uma fruta e com algum outro alimento de fonte de proteína”, completa.
Comida de festa junina faz mal? Veja orientações de especialistas
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