Talvez a primeira consequência da tentativa de assassinato contra Donald Trump seja uma alta do dólar. Motivo: o mercado teme que, uma vez eleito, o republicano adote uma política fiscal frouxa, com gastos públicos ainda mais amplos que os de Biden.
E sua chance de ser eleito aumentou exponencialmente. A imagem de um Trump energético, de punho cerrado e sangue no rosto, passa a contrapor de forma gritante a fragilidade física e mental de seu adversário.
“Após o debate, a probabilidade de Biden colapsou, mas a de Trump não aumentou. Devemos ser capazes de precificar na segunda-feira como uma presidência Trump se parecerá para os mercados”, disse Marki Papic, estrategista-chefe da BCA Research, à Bloomberg.
E como ela se parecerá para os mercados? Mantendo-se a aposta num crescimento ainda mais célere na dívida americana, por conta de mais gastos num eventual governo Trump 2, os juros dos títulos públicos de lá tendem a subir novamente – após a baixa forte da semana passada.
Títulos mais generosos atraem mais compradores. Para adquirir os papéis, você precisa de dólares. Logo, a demanda pela moeda americana aumenta. E o preço dela vai junto. Você vai precisar de mais reais, euros, ienes, pesos chilenos ou seja lá o que for para trocar por dinheiro americano.
É impossível cravar se o dólar vai subir de fato. Mas foi precisamente o que aconteceu após o debate de 27 de junho, em que Biden saiu derrotado. Os juros dos títulos americanos subiram com força. No Brasil, com o dólar também vitaminado pelas falas de Lula a favor de mais gastos, a alta no dia seguinte ao debate foi de grossos 1,45%.
“Se Trump emergir como um vencedor ainda mais óbvio, talvez vejamos a inclinação de alta dos títulos que vimos após o debate”, disse Michael Purves, CEO da Tallbacken Capital, também à Bloomberg.
No mundo dos “ativos de risco” (ações) o futuro é, como sempre, uma incógnita. Há chutes para todos os lados.
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Joe Gilbert, gerente de portfólio da Integrity Asset Management, disse à Bloomberg: “A tentativa de assassinato de Trump definitivamente injetará alguma incerteza nos mercados. Dado que os mercados [dos EUA] estão negociando em máximas históricas, faria sentido recuar desses níveis, pois a potencialidade de uma eleição mais contenciosa e contestada parece mais provável. Esperamos um aumento na volatilidade”.
Já Charles-Henry Monchau, diretor de investimentos do Banco SYZ, imagina o oposto. “Se a eleição rumar para uma vitória esmagadora de Trump, isso provavelmente reduzirá a incerteza, o que é positivo para os ativos de risco”.
A sorte está lançada.
(com reportagem da Bloomberg)