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Em ‘onda de vendas’, Warren Buffett corta participação na Apple pela metade

Warren Buffett em foto de 2015 em Washington, DC, nos EUA. Foto: Paul Morigi/Getty Images

A Berkshire Hathaway, companhia do bilionário Warren Buffett, reduziu sua participação na Apple em quase 50% no segundo trimestre. A medida faz parte de uma grande onda de vendas da empresa, que fez com que o montante em caixa batesse recorde de US$ 276,9 bilhões.

No total, a Berkshire vendeu US$ 75,5 bilhões em ações no período, informou o conglomerado com sede em Omaha, Nebraska, neste sábado (3). Os ganhos operacionais subiram para US$ 11,6 bilhões, acima dos US$ 10 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

LEIA MAIS: IA da Apple vai chegar mais tarde que o esperado para iPhone e iPad

Buffett estava vendendo ações enquanto o índice S&P 500 se valorizava, atingindo marcas históricas em meados de julho. O índice, porém tem caído nas últimas três semanas por preocupações de que o entusiasmo com a inteligência artificial havia sido exagerado.

Na sexta-feira (2), dados fracos sobre o mercado de trabalho também sublinharam o risco de uma desaceleração econômica, e o S&P caiu 1,8%.

“Você poderia concluir que isso é mais um sinal para vender”, disse Jim Shanahan, analista da Edward Jones que acompanha a Berkshire. “Esse foi um nível de atividade de venda muito maior do que estávamos esperando.”

A Berkshire de Buffett também tem reduzido significativamente sua participação no Bank of America, sua maior aposta no setor bancário. A companhia reduziu essa posição em 8,8% desde meados de julho, de acordo com um balanço registrado na noite de quinta (1º).

Foto: Adobe Stock Photo

Em busca de onde investir

A Berkshire tem lutado para encontrar maneiras de investir sua montanha de dinheiro enquanto os preços das ações disparavam e a atividade de negócios se estagnou.
Na reunião anual de acionistas da empresa, em maio, Buffett disse que não estava com pressa de gastar, “a menos que estivermos fazendo algo que tem muito pouco risco e pode nos render muito dinheiro”.

A Berkshire tem usado recentemente a recompra de ações como uma forma de aplicar o caixa, mas mesmo isso se tornou mais difícil nos últimos meses, com suas ações atingindo recordes. A Berkshire recomprou cerca de US$ 345 milhões de suas próprias ações durante o trimestre, o menor valor desde que a empresa mudou sua política de recompra em 2018.

Desde que a Berkshire revelou sua participação na Apple em 2016, Buffett surfou na onda dos ganhos para acumular um lucro contábil significativo. A Berkshire havia gasto apenas US$ 31,1 bilhões pelas 908 milhões de ações da Apple que detinha até o final de 2021

No fim de junho, suas aproximadamente 400 milhões de ações da Apple estavam avaliadas em US$ 84,2 bilhões.

LEIA MAIS: Como a entrada na onda da IA fez as ações da Apple atingirem novo patamar recorde

Os analistas Matthew Palazola e Eric Bedell, da Bloomberg Intelligence, disseram em uma nota neste sábado que as vendas de ações da Berkshire “provavelmente visam evitar impostos mais altos sobre ganhos de capital, e a colheita de lucros pode continuar em algumas posições de longo prazo”.

Buffett disse em maio que a Apple era um “negócio ainda melhor” do que outros dois em que possui ações: American Express Co. e Coca-Cola Co. Ele afirmou na época esperar que a Apple provavelmente permaneceria na primeira posição, indicando que questões fiscais motivaram a venda.

“Mas eu não me importo, sob as condições atuais, em construir a posição de caixa”, disse.

LEIA MAIS: A inteligência artificial está dando retorno para as big techs?

Queda nas vendas

A Apple informou nesta semana que as vendas para a China caíram 6,5%, para US$ 14,7 bilhões no terceiro trimestre, ficando abaixo da projeção de US$ 15,3 bilhões feita por Wall Street.

Os resultados reacenderam temores de que a Apple está perdendo terreno em um de seus mercados internacionais mais importantes. A empresa californiana enfrenta uma concorrência mais acirrada na região, e o governo limitou o uso de tecnologia estrangeira em alguns locais de trabalho.

Além disso, o crescimento econômico chinês também piorou.

A Apple atribuiu boa parte do declínio aos efeitos de um dólar forte, dizendo que o negócio subjacente na China é na verdade mais saudável do que antes. Três meses atrás, executivos disseram que a desaceleração estava menos relacionada a um desempenho abaixo do esperado do iPhone e mais sobre vendas fracas de outros produtos.

As ações da Apple se valorizaram este ano, impulsionadas pela esperança dos investidores de que novas tecnologias de IA ajudariam a impulsionar as vendas. Mas, em 28 de julho, a Bloomberg News informou que os próximos recursos de IA da Apple chegarão mais tarde do que o esperado, perdendo o lançamento inicial das próximas revisões de software do iPhone e iPad, mas dando à empresa mais tempo para corrigir bugs.

Jim Shanahan, da Edward Jones, disse que a escala das vendas de ações da Apple por Buffett no segundo trimestre indica que o investidor lendário pode não ter terminado.

“Eu teria pensado que seria realmente improvável que ele vendesse sua participação restante na Apple, mas isso não parece mais tão improvável”, disse Shanahan. “Eu não acho que zero esteja fora de questão agora.”

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