Notícias do Delivery e do Brasil                                                                           
Pular para o conteúdo
Início » Beto Sicupira lidera aporte do 3G para salvar a Americanas; desembolso foi de R$ 6,8 bilhões

Beto Sicupira lidera aporte do 3G para salvar a Americanas; desembolso foi de R$ 6,8 bilhões

O bilionário Carlos Alberto Sicupira, um dos fundadores da 3G Capital, sofreu a maior perda financeira entre seus parceiros de longa data após as ações da varejista brasileira Americanas derreterem depois de uma injeção de capital que salvou a varejista de uma fraude contábil de R$ 25 bilhões.

O empresário de 76 anos foi responsável por 57% dos R$ 12 bilhões injetados na empresa pelos três principais acionistas como parte de um plano de reestruturação, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Seus sócios bilionários, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, contribuíram com 30% e 13%, respectivamente, disse a pessoa, pedindo para não ser identificada porque a informação não é pública.

O papel de destaque de Beto Sicupira na Americanas desde que o trio comprou o negócio em 1982 explica seu cheque maior. Ele foi presidente executivo da empresa na década de 1980, depois chairman, e permaneceu no conselho durante a crise. Ele também era o maior acionista individual da empresa, disse a pessoa.

LEIA MAIS: Fraude na Americanas era caso de polícia. E virou de fato

A presença de Sicupira no conselho da Americanas parece prestes a terminar. Ele está ausente de uma lista proposta pelos maiores acionistas para votação em 5 de setembro. O filho de Lemann, Paulo Alberto, também deve deixar o conselho.

Em vez disso, o trio está propondo manter Eduardo Saggioro Garcia, chefe de seu escritório de investimentos LTS, no conselho. Ele seria acompanhado por outros executivos com vínculos com seus negócios, incluindo Yuiti Matsuo Lopes da LTS, que teve passagens pela divisão de private equity do Goldman Sachs e pelo Lazard.

A Americanas, sediada no Rio de Janeiro, foi forçada a pedir recuperação judicial no início de 2023 após uma fraude contábil hoje calculada em R$ 25 bilhões ter vindo a público. Embora investigações indiquem que o trio foi enganado pela diretoria executiva, eles foram forçados a injetar capital para acalmar bancos e outros credores.

A ação, que passou por um agrupamento na proporção de 1 para 100 no dia 26 de agosto, é negociada a um preço 95% menor ao usado na injeção de capital. E as chances de uma recuperação significativa não são promissoras, pois a varejista sofre com a concorrência acirrada, altas taxas de juros e falta de investimentos. A empresa vem cortando custos, empregos e fechando lojas em um esforço para sobreviver.

LEIA MAIS: A crise da meritocracia no pós-Americanas

Como parte de sua defesa, os principais acionistas apontaram o fato de que suas perdas com o colapso do preço das ações e injeções de capital superaram em muito os recebimentos de dividendos ao longo dos anos.

“Eu sou o que mais perdeu”, disse Sicupira à reguladora do mercado de capitais Comissão de Valores Mobiliários durante uma reunião em maio de 2023, de acordo com uma cópia do vídeo obtida pelo site de notícias online UOL. “Eu primeiro estava em choque. Estava caindo para trás.”

Embora a crise da Americanas tenha sido um golpe de reputação para o trio de bilionários, a maior parte de suas fortunas combinadas de US$ 45 bilhões continuou a crescer, pois está amplamente vinculada a participações na maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Busch InBev, e na gigante de fast-food Restaurant Brands International, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Eles fundaram a empresa de private equity 3G, sediada em Nova York, no início dos anos 2000 e continuam sendo investidores significativos. A Americanas e a AB InBev não fazem parte do portfólio do 3G.

Alguns dos maiores bancos no Brasil, incluindo o Banco Santander e o BTG Pactual, converteram parte da dívida em ações como parte do aumento de capital que chegou ao total de R$ 24,5 bilhões.

De acordo com o plano de recuperação da Americanas, os três bilionários concordaram com um período de lock-up, no qual não podem vender suas ações, de três anos. Eles agora detêm uma participação combinada de 49% na empresa, acima dos cerca de 30% anteriores.

Ações detidas por bancos estão sujeitas a um lock-up de 30% de suas participações, diminuindo gradualmente ao longo de um período de três anos.

Esses bancos se desfizeram das ações que podiam vender imediatamente quando autorizados em 15 de agosto, impulsionando uma queda brusca nos preços.

© 2024 Bloomberg L.P.