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O café corre contra o tempo para entrar na Europa

Novas leis ambientais na Europa vão restringir exportação de café sem atestado de procedência

As tradings de café correm para acumular estoques na União Europeia antes que as novas regras ambientais do bloco entrem em vigor no final do ano.

O café — uma cultura que depende de milhões de pequenos produtores em vários países do mundo — é especialmente vulnerável ao desafio de assegurar que cada grão esteja em conformidade com as regras. Com isso, as tradings se apressam para enviar o máximo que puderem para a Europa antes de 30 de dezembro.

O novo regulamento exigirá que os importadores do bloco provem que as remessas de commodities como café, carne bovina e cacau não contribuíram para o desmatamento em nenhum estágio da produção. A falta de clareza sobre como isso será comprovado deixou muitas empresas despreparadas, e interrupções no fornecimento provavelmente serão inevitáveis.

As exportações de café do Brasil para o bloco saltaram cerca de 65% nos sete meses até julho em comparação com o mesmo período do ano passado. Os embarques de Uganda — cada vez mais importantes para o fornecimento da variedade robusta para a Europa em meio à seca no Vietnã — atingiram um volume recorde no mês passado, com a maior parte destinada ao continente.

“Esta safra é efetivamente a última safra que podemos exportar antes” das novas regras, disse Ted Marley, um trader de café em Uganda. 

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As torrefadoras querem estar cobertas para quaisquer possíveis problemas de oferta no primeiro trimestre de 2025, disse Ricardo Dos Santos, diretor-gerente da Riccoffee, em Londres. Dado o tempo que leva para os grãos chegarem à Europa, poucos operadores estarão dispostos a arriscar compras depois de outubro, acrescentou.

Tudo isso acontece em um contexto global de preços altos. A variedade robusta, muito usada para café solúvel, disparou para a cotação mais alta desde a década de 1970. O arábica, de qualidade superior, saltou mais de 30% este ano. O aumento do custo de financiamento, a escassez de contêineres e períodos de trânsito marítimo mais longos também complicam a situação.

“Não temos capacidade e também não temos dinheiro para arcar com estoques de segurança por 12 meses na Europa”, disse Holger Preibisch, CEO da associação alemã da indústria de café.

Mesmo que as tradings tentem enviar o máximo que puderem antes da mudança na regulamentação da UE, o que acontece depois continua incerto. A Comissão Europeia não publicou todos os detalhes da implementação das novas regras, de acordo com Preibisch. Isso significa menos volumes, o que pode aumentar os preços, acrescentou.

Alguns países produtores também estão mais despreparados do que outros.

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“A Uganda está bastante defasada no que diz respeito à conformidade” com as novas regras da UE, disse Joab Kankiriho, um corretor de café da Wakanda Coffee Brokerage Services. “Um grande número de exportadores não tinha programas de sustentabilidade” antes.

Alguns países da UE e grupos setoriais pediram que as regras fossem revisadas. Por enquanto, a expectativa é que os embarques vão diminuir porque ninguém quer ficar com uma carga atrasada que não atende aos requisitos regulatórios.

A China pode sair ganhando, disse Kankiriho.

“Temos visto a entrada de compradores chineses e acho que temos que procurar mercados alternativos em outros lugares, embora a UE esteja tomando cerca de 90% do café de Uganda”, disse ele.

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