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Commodities em alta se tornam um problema para BCs

Um novo boom das commodities complica os esforços anti-inflacionários dos bancos centrais e pode inviabilizar as perspectivas globais de cortes de juros no curto prazo.

Mesmo antes do ataque do Irã a Israel no fim de semana, o petróleo já vinha em uma tendência de alta este ano. Esse avanço, junto com um forte rali dos metais preciosos e outras matérias-primas, puxou o índice de commodities da Bloomberg para uma máxima de quase sete meses.

A alta do petróleo torna a gasolina mais cara nos EUA, onde preços altos nos postos costumam gerar tensão política, especialmente em ano eleitoral. O cobre, essencial para fiação, encanamento e maquinário industrial, atingiu os níveis mais altos desde meados de 2022. Os preços do café também dispararam este ano, enquanto a cotação do cacau mais que dobrou e desestabiliza a indústria de chocolate.

“Este rali recente torna muito mais difícil para os bancos centrais afrouxarem os juros”, disse Trevor Woods, diretor de investimentos da Northern Trace Capital, que atua em vários mercados de commodities.

Os 20 maiores fundos negociados em bolsa que acompanham índices de matérias-primas atraíram ingressos de cerca de US$ 1 bilhão desde o início de março, segundo dados compilados pela Bloomberg. Investidores que fugiram das commodities durante a queda do final de 2023 agora correm de volta.

“Uma rotação de volta para commodities não me surpreenderia, dadas as recentes surpresas com o CPI”, disse Ryan Fitzmaurice, estrategista sênior de commodities da Marex, em referência ao índice de preços ao consumidor dos EUA. 

A alta das commodities significa preços mais altos para o consumidor, e ao mesmo tempo, os derivativos das matérias-primas costumam ser usados como proteção contra inflação pelos investidores. A Pimco alertou que o Federal Reserve poderia até ter que aumentar juros se a inflação continuar alta. O mercado já elevou sua expectativa para a taxa básica americana no final de 2024, de 3,8% estimados no início do ano para 4,9% agora.

Por outro lado, o ouro tem atingido novos recordes quase diariamente, à medida que a crescente ansiedade com as pressões inflacionárias leva os investidores a optarem por ativos seguros.

O interesse renovado dos investidores por commodities aumentou o valor total dos derivativos do setor para US$ 1,35 trilhão no final de março, o maior nível em sete meses, segundo o JPMorgan.

“O Fed pode levar algum tempo para aliviar os juros e, se eles permanecerem mais altos por mais tempo, provavelmente veremos outros bancos centrais ao redor do mundo flexibilizando antes de nós”, disse JD Joyce, presidente da Joyce Wealth Management, em Houston.

By Devika Krishna Kumar e Alex Longley