SÃO PAULO (Reuters) – Os planos da Gerdau para a produção de aços especiais no México podem exigir investimentos próximos de meio bilhão de dólares, com a empresa estimando concluir estudos para uma eventual decisão sobre a construção da nova usina no final deste ano.
“Se levarmos em consideração outros investimentos do mercado…o mercado estima que uma usina como essa precisa de investimentos de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões”, afirmou o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira.
O executivo acrescentou que uma projeção sobre o investimento a ser feito pela companhia na nova usina será determinada na conclusão do estudo.
Mais cedo, a Gerdau anunciou que iniciou estudos para a construção de uma usina de aços especiais com capacidade para 600 mil toneladas por ano no México. A empresa já tem três usinas de aço no país, incluindo vergalhões, perfis comerciais e estruturais, mas nenhuma de aços especiais, segmento que a empresa atende atualmente ou do Brasil ou dos Estados Unidos e é mais voltado para servir a indústria de veículos.
Werneck afirmou que se os planos indicarem a viabilidade comercial da nova instalação no México, a construção começará em 2025.
“O México se transformará em grande plataforma do negócio automotivo para os EUA. O México importa aços especiais para essa indústria e nada mais natural que a gente estude a implantação de uma usina nova no país”, disse Werneck.
Segundo o vice-presidente financeiro, Rafael Japur, o mercado mexicano de aços especiais tem consumo por ano de 1,2 milhão de toneladas, com 70% desse volume sendo fornecido via importações atualmente.
PROTEÇÃO COMERCIAL
Questionado sobre o imposto de importação de 25% decidido este mês pelo governo federal sobre 11 produtos siderúrgicos, Werneck afirmou que foi um avanço “muito importante, mas não resolve totalmente” os problemas do setor.
A medida envolve 25% do volume de aço vendido pela Gerdau no Brasil, disse o executivo, que no primeiro trimestre subiu 1,8% sobre um ano antes, para 1,3 milhão de toneladas.
Segundo o executivo, o setor siderúrgico deve acompanhar junto com o Ministério do Desenvolvimento (Mdic) o desempenho da medida na eventual redução do nível de importações de aço no Brasil nos próximos meses e não descartou que outras ações de defesa comercial possam ser tomadas.
“Acreditamos que pela relação estreita que temos com o Mdic, se acontecerem novas importações e um crescimento da penetração de importados, novas medidas poderão ser adotadas”, disse o executivo.
“Há um compromisso com o Mdic para seguirmos monitorando outros produtos e, ser for identificada importação acima da média, serão estudadas medidas e também será feita a mesma coisa para esses produtos”, acrescentou.
O executivo afirmou que a elevação do imposto de importação para os 11 produtos não vai gerar aumento de preços no mercado interno porque “não há ambiente hoje de negócio no Brasil para usar as medidas de defesa comercial para subirmos preço de aço”.
No primeiro trimestre, as importações de aço no Brasil subiram 25,4% sobre um ano antes, para 1,3 milhão de toneladas, segundo dados da associação de produtores siderúrgicos Aço Brasil. As exportações do país no período caíram 18%, a 2,6 milhões de toneladas, e as vendas no mercado interno ficaram praticamente estáveis, a 4,86 milhões de toneladas.
Werneck afirmou que a medida do Mdic “não resolve” porque é necessário um plano de fortalecimento da indústria nacional ao longo do tempo que atenda questões como custo elevado de energia, incluindo o gás natural.
“Temos debatido muito com o governo como é que outras medidas podem fortalecer a indústria ao longo do tempo em conjunto com medidas de defesa comercial.”
Na avaliação do executivo, a China continuará “com o pé embaixo na exportação”. “A transição da economia chinesa vai levar uma década e até que isso ocorra a China vai colocar as exportações como uma grande financiadora desse processo”, afirmou.
(Por Alberto Alerigi Jr.)