Notícias do Delivery e do Brasil                                                                           
Pular para o conteúdo
Início » Ibovespa recua 1,07% na semana com incerteza sobre corte de juros nos EUA; dólar avança 1,40%

Ibovespa recua 1,07% na semana com incerteza sobre corte de juros nos EUA; dólar avança 1,40%

O Ibovespa fechou em queda de 1,73%, a 120.767,19 pontos, nesta sexta-feira (07), após dados do mercado de trabalho norte-americano mostrarem que a atividade nos Estados Unidos continua aquecida, adicionando incertezas sobre quando o Federal Reserve cortará os juros na maior economia do mundo, com ruídos fiscais ampliando as perdas à tarde. No acumulado da semana, o principal indicador da bolsa caiu 1,07%.

O volume financeiro no pregão somou R$ 21,66 bilhões, novamente abaixo da média diária do ano, de R$ 23,77 bilhões.

O relatório de emprego (payroll) divulgado pelo Departamento do Trabalho norte-americano mostrou que foram abertas 272.000 vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, enquanto economistas consultados pela Reuters previam criação de 185.000 postos de trabalho, com as estimativas variando de 120.000 a 258.000.

A taxa de desemprego, porém, subiu de 3,9% em abril para 4,0% em maio, rompendo um limite simbólico abaixo do qual a taxa de desemprego havia se mantido por 27 meses consecutivos.

“Com a possibilidade de uma economia americana mais robusta do que o previsto, a expectativa de cortes imediatos nos juros pode ser adiada”, avaliou o CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, avaliando que um movimento assim pode se concentrar no final do ano, após as eleições presidenciais nos EUA.

Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, cedeu apenas 0,11%, com o foco voltando-se para os benefícios de uma atividade econômica saudável para as empresas. O rendimento do Treasury de 10 anos, contudo, saltava a 4,4335% no final da tarde, de 4,281% na véspera.

LEIA MAIS: Demonstração de força da economia americana eleva o IPCA+2035 a 6,2%

Economistas do BofA Securities esperam que o Fed permaneça em modo de espera por enquanto e inicie um ciclo de cortes graduais apenas em dezembro, a depender de uma moderação nos dados de inflação. “A economia pode estar esfriando, mas não está fria”, afirmaram em relatório enviado a clientes.

Na próxima semana, as atenções estarão voltadas para a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, que terá o seu desfecho conhecido na quarta-feira, com a decisão e a coletiva de imprensa do chair Jerome Powell acompanhadas de projeções econômicas da autoridade monetária.

Também na quarta-feira, antes do anúncio do Fed, que não deve trazer mudança na taxa, mas eventuais sinais sobre os próximos passos, será conhecido o índice de preços ao consumidor dos EUA de maio, às 9h30 (horário de Brasília), que pode ajudar a calibrar as últimas apostas para a decisão do Fomc, às 15h.

Brasil

Da cena brasileira, projeções para a inflação e Selic no boletim Focus do Banco Central (segunda-feira) e o IPCA de maio (terça-feira) estarão em foco, principalmente em meio tom conservador de declarações recentes de autoridades da instituição, incluindo o presidente Roberto Campos Neto.

Investidores também continuarão atentos a Brasília, uma vez que persistem preocupações com o quadro fiscal. O ministro da Fazenda disse nesta sexta-feira que o governo poderá eventualmente fazer um contingenciamento de despesas orçamentárias para assegurar o cumprimento das regras fiscais.

Em nota a clientes, um trader citou que, o “golpe final” do dia foi uma reunião do ministro das Fazenda com alguns participantes do mercado “com alguns comentários preocupantes” sobre a situação fiscal do país.

No final da tarde, após notícias citando a reunião, Haddad se mostrou irritado e afirmou que houve uma quebra de protocolo uma vez que a condição da reunião era que as pessoas não interpretassem o que ele falasse.

“A pergunta que me foi feita por um dos integrantes… foi se havia possibilidade de contingenciamento este ano se algumas despesas obrigatórias crescessem para além do previsto, e eu falei que sim”, disse o ministro, afirmando não entender “a intenção da pessoa que vazou uma informação falsa”.

Destaques

– PETROBRAS PN fechou negociada em baixa de 3,75% e PETROBRAS ON caiu 3,38%, em dia de variação modesta do petróleo no exterior, com o barril de Brent encerrando com decréscimo de 0,3%. A estatal também informou na quinta-feira que sua diretoria aprovou a reativação da sua fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (ANSA), no Paraná, que está hibernada desde 2020. A previsão é de que a operação da ANSA seja reiniciada no segundo semestre de 2025.

– VALE ON recuou 1,31%, sofrendo com a piora generalizada na bolsa, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China pelo segundo dia. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com aumento de 0,72%. A União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo também apresentaram na véspera uma contraproposta no valor de 109 bilhões de reais para que seja celebrado um acordo com as mineradoras Samarco, Vale e BHP, responsáveis pelo rompimento da Barragem de Fundão, em 2015.

– ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,41%, também sofrendo com o “mau humor” após os dados de emprego dos EUA, e BRADESCO PN cedeu 0,77%.

– EMBRAER ON avançou 4,04%, após a Mexicana de Aviación, companhia aérea estatal do México, afirmar nesta sexta-feira que pagará US$ 750 milhões à companhia brasileira pela aquisição de 20 aviões modelo E2 anunciada no começo da semana.

– MAGAZINE LUIZA ON caiu 7,56%, após duas altas seguidas, enfraquecida pelo aumento das taxas futuras de juros, que pesam sobre o setor como um todo. O índice de empresas de consumo da B3, que também inclui nomes de educação, aéreas, alimentos, saúde, entre outros, recuou 1,49%.

– SABESP ON encerrou em queda de 3,97%, no segundo pregão seguido de baixa, após forte valorização nos dois pregões anteriores. Os papéis permanecem sensíveis a movimentos relacionadas à oferta de ações que irá privatizar a companhia de saneamento básico e é aguardada para meados do ano pelo governo do Estado de São Paulo, atual controlador.

Dólar

O dólar à vista fechou em forte alta de 1,44% ante o real, superando aos R$ 5,3247. Este é o maior valor de fechamento desde 5 de janeiro de 2023, quando a moeda foi cotada a R$ 5,3527. Na semana, a moeda acumulou elevação de 1,40%.

O mercado reagiu aos dados do mercado de trabalho dos EUA que sugerem que o Federal Reserve fará apenas um corte de juros em 2024, e em meio ao desconforto dos investidores com a área fiscal no Brasil.

A leitura do mercado em um primeiro momento foi de que, com a economia aquecida como indicou o payroll, o Federal Reserve não terá espaço para cortar juros duas vezes ainda este ano, mas apenas uma vez.

Haddad

Enquanto os ativos brasileiros eram massacrados, Haddad concedia entrevista a jornalistas em São Paulo, para defender a medida provisória enviada ao Congresso que restringe a compensação de créditos tributários. Segundo ele, a resistência contra a MP vai se dissipar conforme haja maior compreensão da intenção do governo de reduzir gastos tributários.

Haddad afirmou ainda que o governo poderá eventualmente fazer um contingenciamento de despesas orçamentárias no ano para assegurar o cumprimento das regras fiscais.

Numa segunda conversa com jornalistas, também em São Paulo, Haddad descartou a possibilidade de alteração do arcabouço fiscal. Segundo ele, um participante da reunião com o Santander vazou uma informação falsa, o que ele qualificou como “muito grave”.

Com o mercado à vista já fechado, restou ao dólar futuro para julho reagir ao desmentido de Haddad: a moeda perdeu força momentaneamente, mas voltou a acelerar as altas antes do fechamento.