O dólar voltou a disparar nesta terça-feira (25) e superou mais uma vez a marca dos R$ 5,45. Com a alta de 1,19% de hoje, a valorização acumulada da moeda americana alcança 3,88% no mês. E, embora o dia tenha sido de ganhos do dólar no mundo, o real foi de novo o destaque negativo dentre as principais divisas.
Em linha com o dia negativo do mercado local, o Ibovespa fechou no vermelho, interrompendo assim a sequência de cinco pregões de alta. O índice caiu 0,25%, 122.331,39 pontos. O movimento foi determinado principalmente pela queda das ações da Vale e da B3. Na máxima do dia, o Ibovespa chegou a 122.849,07 pontos. Na mínima, a 121.997,14 pontos. O volume financeiro na bolsa somou R$ 15,9 bilhões.
O que movimentou o mercado
A divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e as declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, foram acompanhadas de perto, mas pouco alteraram a percepção sobre o cenário doméstico.
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Na ata da última, o BC defendeu a atuação firme para reancoragem das expectativas de inflação e elevou a hipótese de juro neutro.
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, acrescentou ao participar de uma videoconferência que, mesmo com a taxa de juros mais alta, “com expectativas desancorando você tem que ser mais cauteloso”. Ele citou incômodo do BC com nível do dólar, mas reforçou que a instituição não tem meta cambial.
Na visão do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, a ata referenda o cenário em que os juros ficarão estáveis ao longo dos próximos meses, com o BC buscando reverter a piora das expectativas de inflação. Mas ele avalia que a porta não está fechada para uma futura retomada do ciclo de cortes.
Ele destacou essa possibilidade particularmente se o ambiente externo ficar mais benigno, confirmando o início do processo de corte de juros nos Estados Unidos, se a postura mais dura do Copom conter o processo de deterioração das expectativas e se a percepção sobre os riscos fiscais ficar menos negativa.
Para um aumento dos juros, Goldenstein avalia que a barra é bem alta, tendo em vista que a política monetária está em patamar contracionista, o real tende a se valorizar com o início do ciclo de cortes nos EUA e as projeções com Selic constante mostram inflação em torno da meta.
“Por ora, o nosso ‘call’ é de uma Selic terminal de 9,5% em 2025, com retomada do processo de queda dos juros no final de 2024, mas o risco é de a pausa ocorrer por um período mais longo caso persistam os temores relativos à credibilidade do BC e/ou a política fiscal”, afirmou.
A sessão ainda teve na pauta números mostrando que a arrecadação do governo federal teve alta real de 10,46% em maio sobre o mesmo mês do ano anterior, somando 202,979 bilhões de reais, maior arrecadação para o mês desde o início da série, em 1995 e um pouco acima do esperado no mercado.
Em Wall Street, a terça-feira teve um fechamento misto, com o Nasdaq e o S&P 500 em alta, mas o Dow Jones em queda, contrabalançando o desempenho de ações do setor de tecnologia com dados sobre confiança do consumidor e declarações de autoridades do Federal Reserve.
Destaques
– VALE ON caiu 0,41%, mesmo tendo como pano de fundo alguma recuperação do futuros do minério de ferro durante a sessão na China, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian terminando em 801 iuanes por tonelada, após marcar 791 iuanes. A mineradora também lançou emissão de 1 bilhão de dólares em dívida, com prazo de 30 anos, voltada para uma oferta de recompra simultânea, pagamento de notas de 2026 e propósitos corporativos gerais.
– B3 ON encerrou com declínio de 1,81%, também pesando negativamente, conforme segue pressionada por perspectivas de aumento de competição no setor, bem como pelo cenário com taxas de juros mais elevadas. Em 2024, a ação cai mais de 27%.
– PETROBRAS PN recuou apenas 0,08%, após seis altas consecutivas, tendo como pano de fundo a fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado em baixa de 1,2%.
– MAGAZINE LUIZA ON recuou 2,96%, em dia de ajustes, após disparar mais de 12% na véspera na esteira de acordo com o grupo chinês Alibaba, pelo qual venderá produtos de seu estoque próprio na plataforma do AliExpress, que também passa a atuar como seller do marketplace do Magazine Luiza (3P).
– WEG ON avançou 1,71%, retomando a trajetória de alta após titubear na véspera, renovando máxima intradia desde 2021. No ano, os papéis acumulam uma valorização de quase 14%.
– FRASLE MOBILITY ON, que não faz parte do Ibovespa, subiu 6,57%, um dia após anunciar a aquisição de ativos do Grupo Kuo, do México, por R$ 2,1 bilhões, na maior transação da história da empresa. RANDONCORP PN, controladora da Frasle, fechou em alta de 2,64%.