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Remessa de recursos para comprar cripto atinge recorde de R$ 10 bilhões

Investidores em criptomoedas nunca enviaram tanto dinheiro para fora do país do que neste ano. Os números mais recentes divulgados pelo Banco Central mostram que essa modalidade de investimento provocou um rombo de R$ 9,997 bilhões nas contas externas do país – o que equivale à diferença entre o que foi mandado para fora do país para a compra dessas moedas digitais e o quanto ingressou de volta por aqueles que resgataram suas aplicações.

Esse saldo negativo já supera os gastos brutos com viagens no exterior em 2024 – um dos itens que, historicamente, tem contribuído para o déficit de conta corrente do país –, que somou R$ 8,4 bilhões, segundo o relatório do BC.

 A maioria das “exchanges” – as bolsas de negociação dessas moedas digitais – funciona no exterior. Portanto, ao comprar cripto, o investidor está mandando dinheiro para fora do país. O crescimento dessas operações tem contribuído, portanto, para elevar o déficit entre o volume de recursos que ingressa e o que sai do Brasil.

Só em julho, a remessa líquida para as bolsas de cripto estrangeiras alcançou R$ 1,369 bilhão. Os dados indicam também uma tendência de aceleração da compra de moedas digitais. Em comparação ao mês anterior, houve um crescimento de 5,6% no volume enviado para o exterior nesse tipo de operação.

Se esse ritmo for mantido, a sangria de recursos motivada pela aplicação no mercado cripto internacional pode superar R$ 16,5 bilhões no fim de 2024. Trata-se de um número bem superior ao registrado no ano passado, de R$ 11,7 bilhões. E também maior do que os R$ 14,5 bilhões relativos aos gastos no turismo em 2023.

LEIA MAIS: Alerta no BC: remessas de criptos e bets já superam gasto de brasileiro no exterior

O mundo cripto é o principal responsável pelo déficit na chamada conta capital das contas externas brasileiras. É nessa conta que são registrados os investimentos, empréstimos e transferência de recursos externos dentro do chamado o balanço de pagamentos – que mede a diferença entre entradas e saídas de dinheiro no país em um determinado período de tempo.

O déficit da conta capital atingiu R$ 9,882 bilhões de janeiro a julho de 2024. Olhado no detalhe, as transações de criptomoedas dominam o fluxo de entradas e saídas desse segmento. Para se ter uma ideia dessa predominância, o segundo item em termos de volume de financeiro movimentado é o de “passes de atletas”. As negociações de jogadores, porém, registram um superávit de apenas R$ 113 milhões entre janeiro e julho.