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Por que a indústria de veículos voltou aos níveis pré-pandemia, mas reclama da China

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Números da Anfavea mostram que produção e venda de veículos no Brasil em agosto voltaram a patamares parecidos ao de antes da pandemia

As montadoras de veículos instaladas no Brasil retornaram em agosto a patamares de produção e vendas similares aos vistos antes da chegada da pandemia ao país em março de 2020, afirmou nesta quinta-feira a entidade que representa o setor, a Anfavea.

Apesar do desempenho do setor no mês passado ter sido considerado positivo pela entidade, o presidente da associação, Márcio de Lima Leite, voltou a defender a retomada imediata do imposto de importação de veículos para 35% e apresentou dados que mostraram forte aumento no volume de carros eletrificados fabricados na China que estão em estoque no Brasil.

O executivo citou que a produção de veículos no Brasil em agosto foi a melhor desde outubro de 2019, alcançando 259,6 mil unidades, e que as vendas diárias se mantiveram dentro da média da época de cerca de 11 mil unidades, ao mesmo tempo em que destacou que o volume de carros eletrificados produzidos na China estocados no Brasil atingiu um pico de 86,2 mil unidades em julho.

Excesso da China exportado ao Brasil

“O mercado na China esfriou, a demanda caiu e esse estoque tem vindo para o Brasil se beneficiando da alíquota mais baixa de imposto”, disse o Leite em entrevista a jornalistas em Brasília, onde a entidade inaugurou uma nova sede como parte do “planejamento de aproximação” do setor com representantes dos Três Poderes.

“Esse estoque pode gerar algum desequilíbrio no mercado”, acrescentou, ponderando, porém, que o volume de carros eletrificados importados da China pode vir a ser “exportado para outros países” da América do Sul a partir do Brasil, a depender da estratégia de cada importador.

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O setor de veículos do Brasil em 2023 passou meses reclamando do crescimento das importações de veículos chineses, em sua grande maioria por montadoras que estão iniciando operações no país, como BYD e GWM, e conseguiu do governo em novembro o restabelecimento de tarifa de importação para elétricos e aumento no imposto sobre híbridos.

Mas a decisão na ocasião foi pelo restabelecimento gradual da tarifa de 35% a partir de janeiro deste ano até meados de 2026, o que, segundo a indústria, tem incentivado importações oportunísticas para evitar a incidência completa do imposto.

O executivo não citou como a Anfavea calculou a estimativa do número de veículos estocados dos fabricantes chineses que não fazem parte da entidade, mas mencionou que o volume não está incluído na conta de estoque tradicional do setor, que em agosto somou 268,9 mil veículos, aumento ante os 255,8 mil de julho.

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Segundo os números da Anfavea, o estoque no Brasil de veículos eletrificados produzidos na China saltou de 13,2 mil, equivalente a cerca de dois meses de vendas, em dezembro, para 24 mil em meados de maio e atingiu o pico de 86,2 mil em julho, suficiente para 9 meses de vendas. Em agosto, esse volume caiu ligeiramente para cerca de 82 mil. Enquanto isso, a média de vendas por mês desses veículos passou de 6,8 mil no final de 2023 para 9,4 mil entre junho e agosto deste ano.

“Temos um pleito para a Camex (Câmara de Comércio Exterior) nesta semana, com novo pedido para a recomposição imediata da alíquota para 35% porque esse volume começa a ser muito danoso para a indústria”, disse Leite, se referindo aos carros eletrificados importados da China que em algum momento vão começar a ser vendidos no país.

Crescimento acelera

As montadoras de veículos instaladas no Brasil produziram 5,2% mais em agosto ante julho, montando 259,6 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O desempenho marcou o melhor resultado desde as 288,5 mil unidades produzidas em outubro de 2019, segundo os dados da Anfavea apresentados nesta quinta-feira.

Na comparação com agosto do ano passado, a produção cresceu 14,4% e no acumulado do ano o volume montado chegou a 1,64 milhão de unidades, 6,6% mais que no mesmo período de 2023. A previsão da entidade para a produção em 2024 é de crescimento de 4,9%, para 2,44 milhões de veículos.

O setor apurou vendas de 237,4 mil veículos novos no mês passado, queda de 1,6% na comparação mensal, mas crescimento de 14,3% na relação anual. Por dia útil, os licenciamentos do mês passado foram equivalentes a 10,8 mil unidades, 19,5% acima da média de agosto de 2023.

De janeiro ao final de agosto, as montadoras do país emplacaram 1,62 milhão de veículos, 13,3% mais que no acumulado dos oito primeiros meses do ano passado. A estimativa para todo o ano é de crescimento de 10,9%, para 2,56 milhões de unidades.

As vendas externas do setor subiram 10,6% em agosto frente ao mesmo mês de 2023, para 38,2 mil veículos, ajudando a reduzir a queda do acumulando no ano para 17,9%, o equivalente a 242,6 mil unidades. O movimento ocorreu com um crescimento das vendas para a Argentina e bons desempenhos nos mercados do México, Chile e Colômbia, afirmaram executivos da Anfavea durante a coletiva.

Apesar do aumento da tributação sobre importados que passou a valer desde o início do ano, a participação dos modelos produzidos fora do país no total das vendas internas se manteve em 17,1% em agosto, mas abaixo dos 19,5% de janeiro, que foi o maior nível em pelo menos quatro anos.