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Resultado da Vale surpreende apesar de provisões por conta da Samarco

Para XP, BTG e Bradesco BBI, a Vale (VALE3) reportou resultados melhores que o esperado para o quarto trimestre de 2023, com todas as casas reiterando as recomendações de compra para os papéis. Apesar de o lucro da companhia ter registrado queda anual de 35% diante das provisões com o rompimento da mina da Samarco (joint venture com o grupo BHP, sendo a Vale detentora de 50%), outros pontos do balanço foram destaque.

Os ADRs na mineradora negociados na New York Stock Exchange (NYSE) subiam no pré-mercado americano na manhã desta sexta-feira (23). Na B3, as ações registram alta de 2,6%, cotadas a R$ 68,95, às 10h40.

No acumulado do ano, os papeis recuam 10,7%.

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Logo da mineradora brasileira Vale no edifício-sede da companhia no Rio de Janeiro
REUTERS/Pilar Olivares/File Photo

A repercussão do balanço

A boa eficiência de custos puxou o bom resultado da companhia, na avaliação de Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, da XP. Os analistas escreveram em relatório que o custo de caixa C1 (custo de produção da mina ao porto) reportado veio ligeiramente abaixo da meta da Vale para o ano passado, mas com um desempenho positivo para o 4º trimestre em todos os níveis. 

“Acreditamos que os resultados de hoje mitigam parte dos riscos relacionados a custos que cercam a tese de investimento, com espaço para o balanço melhorar assim que a transação da VBM (caixa da Vale Base Metals) for concluída.”

XP, em relatório

O BTG faz coro sobre os custos apontando ainda que a mineradora conseguiu superar as expectativas ao entregar um resultado sólido apesar de todas as manchetes que cercaram a companhia.

Leonardo Correa e Caio Greiner (BTG) apontam ter ficado satisfeitos pela menor provisão para a Samarco no período (de US$ 3 bi ante US$ 4,2 bi) em oposição aos US$ 6,5 bi da BHP, “que acreditamos ter sido uma abordagem sensata por parte da administração – pensando em negociações futuras”, apontam.

Isso porque a Justiça Federal condenou a Vale assim como a Samarco e a BHP ao pagamento de indenização pelo rompimento de uma barragem em Mariana (MG) em novembro de 2015.

A empresa divulgou em balanço que aumentou em US$ 1,2 bilhão a provisão de recursos relacionada à Fundação Renova, criada para gerir as compensações e reparações pelo rompimento da mina.

“Acreditamos que esses resultados podem trazer de volta o foco dos investidores na melhoria operacional, desempenho e potencial fluxo de caixa, em vez de uma fixação em manchetes que (às vezes) geram impactos econômicos limitados. Esperamos uma reação positiva a estes resultados”, reiteram.

BTG, em relatório

O Ebitda de R$ 6,6 bilhões chamou a atenção do banco capitaneado por André Esteves, uma vez que cresceu 4%, superando assim 6% do consenso BTG, impulsionado pela divisão de pelotas de metais básicos. 

A XP, por sua vez, tem expectativas de que os preços do minério de ferro continuem altos no decorrer de 2024, negociados a uma média de US$ 120 a tonelada, o que tende a resultar em dividendos atraentes aos investidores, na casa dos 11%, disseram. 

Sobre o primeiro ponto, o Bradesco BBI disse  enxergar “riscos limitados de queda para os preços do minério de ferro, uma vez que a falta de nova oferta deve tornar a trajetória dos preços menos dependente dos impulsionadores da demanda”. 

Os analistas da casa estimam que os preços do minério de ferro atinjam, em média, US$ 130/tonelada no 1º semestre deste ano e US$ 120/tonelada em 2024.

Já outro ponto que chamou a atenção do BBI foi o desconto substancial de 25% que a VALE3 negocia frente a seus pares, ante média histórica de 15%.

Dividendos

A mineradora divulgou na véspera que vai pagar cerca de R$ 2,74 por ação para os acionistas posicionados em VALE3 até 11 de março. O pagamento será realizado no dia 19.

Já os detentores de ADRs posicionados até o dia 13 de março também terão direito ao provento, sendo estes remunerados no dia 26 do mesmo mês. Ainda segundo a Vale, a distribuição está em linha com a sua política de remuneração aos acionistas. 

Conforme destacou a XP, a Vale também fez a recompra de US$ 44 milhões das próprias ações  no 4º trimestre, além de mais  22,6 milhões de ações na quinta-feira (22).

A instituição de Benchimol reitera que a estrutura de capital da mineradora segue confortável apesar da dívida líquida ter expandido para US$ 16,2 bilhões, “uma vez que a companhia ainda não reconheceu os US$ 3,2 bilhões da venda de participação na Vale Base Metals”.

Os resultados do 4º trimestre

  • Lucro líquido de US$ 2,42 bilhões (-35%) ante mesmo período de 2022.
  • Lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado das operações continuadas de US$ 6,3 bilhões (37%) ante igual período de 2022.
  • Receita líquida de US$ 13,05 bilhões (9,3%) versus o mesmo período de 2022.
  • Fluxo de Caixa Livre das Operações de US$ 2,5 bilhões (conversão de Ebitda em caixa de 37%)
  • Dívida Líquida de US$ 9,5 bilhões (20,8%) em relação a um ano antes.
  • Investimentos somaram US$ 2,1 bilhões (alta de US$ 331 milhões).

*Matéria em atualização

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