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Lula cobra “mais responsabilidade” da Vale e defende alinhamento de empresas a modelo de desenvolvimento

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a administração da empresa Vale do Rio Doce e cobrou mais responsabilidade da mineradora, tanto no pagamento de ações indenizatórias quanto na produção, e diz que empresas precisam se alinhar ao modelo de desenvolvimento do governo.

“O que nós queremos é que a Vale tenha mais responsabilidade. Inclusive a quantidade de minas que está na mão da Vale e que ela não explora há mais de 30 anos e fica funcionando como se fosse dona e vendendo. A Vale, ultimamente, está vendendo mais ativo do que produzindo o minério de ferro”, criticou, em entrevista para a RedeTV! na noite de terça-feira.

“O dado concreto é que o potencial do Brasil tem que ser explorado e a Vale não pode ter o monopólio. A Vale tem que ser mais uma empresa. Ela é maior, que trabalhe mais.”

Lula negou que tenha tentado interferir na sucessão para a presidência da companhia e que tenha discutido o tema. No entanto, fontes ouvidas pela Reuters confirmaram que o presidente gostaria de colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da companhia.

A resistência dos acionistas terminou por engavetar a ideia, já que o governo sozinho não tem poder para garantir seu candidato na sucessão.

Uma das razões para o presidente tentar influenciar na sucessão da empresa é a discordância com decisões administrativas. Lula cobra, por exemplo, o porquê da empresa ter desistido de uma ação milionária e a razão de ter abandonado uma mina em Moçambique.

“A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”, cobrou.

Lula voltou a criticar a privatização da Eletrobras durante o governo de Jair Bolsonaro, um tema que tem sido seu assunto desde a campanha eleitoral, e que chamou de “crime de lesa-pátria”.

No entanto, o presidente garantiu que não irá tentar reverter a privatização, o que chegou a ser aventado e estudado pelo governo. Uma das alternativas seria recomprar ações que foram colocadas no mercado, já que a forma de privatização foi a de venda de ações pertencentes ao governo federal e diluição da sua participação.

“Não, porque também não vai gastar dinheiro do povo nisso agora. Eu tenho coisa mais importante para fazer, Não vou ficar utilizando o dinheiro”, afirmou quando perguntado se poderia tentar reverter.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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