A verdade é que ninguém sabe dizer se as ações da Nvidia estão caras ou baratas
A Nvidia é a ação mais cara do índice S&P 500, com suas ações sendo negociadas a aproximadamente 23 vezes as vendas projetadas da empresa para os próximos 12 meses.
Mas há um problema com essa valorização. Na era do boom da inteligência artificial, ninguém consegue determinar quais serão as receitas reais da fabricante de chips — nem os analistas de Wall Street que cobrem a Nvidia, nem os próprios executivos da Nvidia. Então, como os investidores devem calcular se as ações são caras ou não?
Há mais de um ano, um aumento na demanda pelos chips da Nvidia, desencadeado pela euforia em torno da IA, tem desmoralizado as estimativas financeiras trimestrais de Wall Street. Os analistas não estão inventando números; eles seguem as orientações da administração, como fazem com qualquer outra empresa. No entanto, até a liderança da Nvidia está tendo dificuldades para prever quanto dinheiro a fabricante de chips gerará nos próximos três meses.
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Desde que as vendas da Nvidia começaram a explodir no trimestre fiscal que terminou em abril de 2023, a receita excedeu o ponto médio da própria previsão da empresa em uma média de 13%, mais que o dobro da média dos últimos dez anos. Quando a Nvidia divulgou os resultados em agosto, as vendas superaram sua projeção em 23%, o maior ganho desde pelo menos 2013, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Um representante da Nvidia se recusou a comentar.
Estimativas de vendas
Parte do que torna a modelagem para a Nvidia tão difícil é que a capacidade produção é a variável mais incerta quando a demanda está crescendo, tornando a fabricante de chips única, segundo Brian Colello, analista da Morningstar, que no mês passado aumentou seu preço-alvo para as ações de US$ 91 para US$ 105. Atualmente, elas estão sendo negociadas em torno de US$127.
Assumindo uma melhora constante na capacidade da Nvidia de aumentar a fabricação dos seus chips, Colello projeta até US$ 4 bilhões a mais na receita trimestral da Nvidia para estimar as vendas do próximo trimestre.
“Eu não sou o primeiro analista a aumentar meu preço-alvo ou a ser surpreendido pelo fato de que as receitas estão muito à frente do que pensávamos há um ano”, disse Colello. “Tem sido interessante e recompensador, mas certamente desafiador.”
Colello não é o único a aumentar sua estimativa de preço. Na sexta-feira (21), o analista Ben Reitz, da Melius, aumentou seu preço-alvo para a Nvidia pela quinta vez este ano, de US$ 125 para US$ 160, implicando um ganho de 26% em relação ao preço de fechamento de sexta-feira.
Claro, há muitos traders comprando Nvidia apenas com base no momentum. A Nvidia subiu 156% este ano e ultrapassou a Microsoft na terça-feira (18) para se tornar brevemente a empresa mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de US$ 3,34 trilhões.
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Esse rali ajudou a direcionar um recorde de US$ 8,7 bilhões para fundos de tecnologia na semana passada, até 19 de junho, segundo uma análise do Bank of America com dados da EPFR Global. Desde então, as ações da Nvidia caíram 6,7%, eliminando mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado.
Para investidores inclinados a olhar modelos de fluxo de caixa descontado que têm mais variabilidade do que no passado, a diferença entre as estimativas e os resultados reais criou um dilema.
Nos últimos cinco trimestres, as estimativas dos analistas para as vendas da Nvidia desviaram dos resultados reais em uma média de 12%, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Isso é o terceiro maior desvio entre as empresas do S&P 500 que apresentaram receita trimestral média de pelo menos US$ 5 bilhões nos últimos cinco trimestres e têm pelo menos 20 analistas que as cobrem.
Qual o preço?
Com os negócios da Nvidia crescendo e seus maiores clientes, como a Microsoft, prometendo gastar ainda mais em hardware de computação nos próximos trimestres, a principal questão para os investidores é qual é um preço razoável a pagar por uma ação cujo crescimento de lucro e vendas é muito superior ao de seus pares.
Com base nas estimativas atuais, espera-se que a Nvidia entregue um lucro de US$ 14,7 bilhões em vendas de US$ 28,4 bilhões no trimestre atual, um aumento de 137% e 111%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, espera-se que as vendas da Microsoft aumentem 15%, com as projeções da Apple em torno de 3%.
Embora os múltiplos de valorização da Nvidia sejam altos, eles parecem mais razoáveis, dado o crescimento da Nvidia, especialmente considerando que as estimativas continuam vindo abaixo. Para Michael O’Rourke, estrategista-chefe de mercado da Jonestrading, uma preocupação maior é que o grau em que a Nvidia supera as expectativas de crescimento de Wall Street comece a diminuir, apenas devido ao tamanho da empresa. Isso pode tornar mais difícil justificar o preço das ações.
“É aí que está o risco”, disse O’Rourke. “Você está pagando um preço alto por uma empresa de grande capitalização de mercado onde os superávits têm diminuído e é provável que isso continue.”