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Azul negocia fusão com a Gol via troca de ações da Abra, dizem fontes

A busca da Azul (AZUL4) por uma fusão com a Gol Linhas Aéreas Inteligentes (GOLL4) ganhou força nas últimas semanas, com negociações em andamento para um acordo com o acionista controlador da companhia aérea rival brasileira, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

No cenário em consideração, a holding Abra Group contribuiria com suas ações da Gol para a Azul em troca de uma participação na companhia aérea combinada, disse uma das pessoas, pedindo para não ser identificada porque as discussões ainda são privadas. Esse tipo de transação poderia atrair a Azul porque não teria que comprometer muito dinheiro, se houvesse, disse outra pessoa. 

Caso a negociação se concretize, a Abra manteria inalterada sua participação em outra companhia aérea latino-americana, a Avianca Holdings. Qualquer acordo precisaria ser aprovado pelos controladores, credores e acionistas das empresas, juntamente com os reguladores.

As ações de ambas as companhias aéreas brasileiras ganharam com a notícia, e a negociação dos papéis foi brevemente interrompida na B3. No início da tarde, a Gol operava em alta próxima de 3%, enquanto a Azul caía mais de 3%.

Histórico

A Bloomberg informou em março que a Azul contratou o Citigroup Inc. e a Guggenheim Partners para explorar um acordo para a Gol, que faz a reestruturação de sua dívida depois de enfrentar dificuldades para lidar com os pagamentos e os custos de combustível. A ideia da potencial transação com o Grupo Abra ganhou força nas últimas semanas, à medida que as discussões entre as empresas esquentavam, disse uma das pessoas.

A Azul e a Gol fazem parte de um trio de companhias aéreas – incluindo a Latam, com sede em Santiago – que dominam as viagens aéreas no maior mercado da América Latina. Embora ambas as companhias aéreas atendam algumas rotas de grande tráfego, a Gol está mais concentrada em voos entre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a rede da Azul para outras cidades é mais ampla.

Azul e Abra não comentaram. A Gol não respondeu ao pedido de comentário feito pela Bloomberg. 

Os reguladores no Brasil e em outros países precisariam aprovar um eventual acordo. Embora a fusão da Azul e da Gol reduzisse o número de grandes operadoras locais de três para duas, a Azul está otimista de que poderá obter aprovação, disseram as pessoas.

A Gol, que tem sede em São Paulo, entrou com pedido de Chapter 11 nos EUA depois que teve de lidar com US$ 2,7 bilhões em passivos de curto prazo e realizar mais de uma dezena de trocas de dívidas. No processo, conseguiu aumentar o seu financiamento de devedores em posse para US$ 1 bilhão, de US$ 950 milhões.

A Avianca, que entrou com pedido de Chapter 11 em 2021, está em melhor posição. Os bonds da empresa proporcionaram aos investidores um retorno de 26% no ano passado, em comparação com uma média de 6,6% para as empresas latino-americanas durante esse período, de acordo com um indicador da Bloomberg.