BB Asset busca parcerias para alcançar R$ 2 trilhões em ativos
A maior gestora de fundos do Brasil está à procura de parceiros para expandir o negócio de investimentos alternativos e atingir a marca de R$ 2 bilhões em ativos sob gestão.
A estratégia para a BB Asset Management, a divisão de gestão de recursos de terceiros do Banco do Brasil, vai na contramão do que se pretendia anteriormente. O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a colocar a BB Asset à venda, mas não concluiu o processo antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir o cargo no ano passado e descartar a ideia.
“Não há essa expectativa de venda, pelo contrário: a gente quer fortalecer pilares que a gestora tem a partir de parcerias estratégicas com empresas que tenham de forma definitiva maior tecnicidade possível e sejam líderes em seus segmentos de atuação”, disse o presidente da BB Asset, Denísio Liberato, em entrevista em São Paulo.
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Com R$ 1,6 trilhão sob gestão em cerca de 1.200 fundos, a BB Asset está em expansão – inclusive por meio de joint-ventures – em uma estratégia desenhada por Liberato, o primeiro presidente negro da gestora. A BB Asset possui clientes em todo o Brasil, incluindo pessoas físicas, empresas e municípios, e vem tentando acelerar sua expansão e criar mais fundos alternativos desde que Liberato assumiu o posto, em julho do ano passado.
A gestora já se associou à Iguatemi, empresa que opera shopping centers, para lançar seu primeiro fundo imobiliário que investe nesses estabelecimentos. A BB Asset também criou uma joint-venture para fundos ESG com a JGP, gestora com sede no Rio de Janeiro.
Liberato disse que a BB Asset está em negociações com outras gestoras para novas parcerias e em busca de oportunidades de aquisição de participações, mas não deu nomes. O total de ativos sob gestão na indústria de fundos no Brasil aumentou para R$ 6,13 trilhões em abril, um crescimento de 12% na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo dados compilados pela Anbima.
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, incluiu a BB Asset em seu projeto de estímulo à diversidade e escolheu como seu presidente Liberato, que então atuava como diretor de investimentos da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
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‘Família humilde’
Nascido em Minas Gerais, Liberato disse que veio de uma “família humilde” e conseguiu cursar o ensino médio em uma escola particular de melhor qualidade por causa de uma bolsa de estudos que obteve por causa do futebol. A decisão de estudar economia foi uma questão de “pragmatismo”, segundo ele: a faculdade que frequentou era gratuita e perto de sua casa, e a disputa pelas vagas no curso era menor do que para outras graduações.
Liberato iniciou sua carreira no Banco do Brasil em abril de 2002, mas saiu do banco cerca de 11 anos depois para um cargo no Ministério da Fazenda. Ele voltou ao BB em 2015 para depois de cerca de 5 anos ingressar na Previ, e depois voltou ao banco em julho de 2023.
Ao entrar na BB Asset, ele decidiu que a gestora deveria ter como prioridade ajudar o Brasil a cumprir sua agenda de financiamento verde. Em janeiro, assinou uma parceria com a JGP para criar uma gestora “com potencial para ser a líder do Sul Global em finanças sustentáveis”, disse Liberato.
O Banco do Brasil é o principal banco do agronegócio no Brasil, com possibilidade de gerar muitos ativos de crédito verde, enquanto a JGP tem capacidade técnica para ajudar a construir fundos de crédito ESG, disse Liberato.
O primeiro fundo de crédito privado ESG, chamado Equilíbrio, é um veículo estruturado que captou um total de R$ 600 milhões em apenas um mês. A JGP detém a maior parte da joint-venture ESG e a meta é atingir R$ 20 bilhões em ativos sob gestão até 2028.
A receita do Banco do Brasil com administração de fundos alcançou R$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o resultado trimestral do banco. Isso representou 25% da receita de serviços do banco.
O BBIG11, fundo imobiliário lançado em maio com a Iguatemi como consultora, já levantou R$ 1 bilhão, atraindo pessoas físicas em busca de novos investimentos depois que os fundos exclusivos dedicados a elas perderam seus incentivos fiscais.
“Esses investidores virão atrás de nós em busca de produtos mais sofisticados e queremos ter alternativas para oferecer”, disse Liberato.