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Com nova projeção da Selic, Ibovespa tem ajuda dos bancos, mas é pressionada por Vale

O Ibovespa fechou quase estável nesta segunda-feira (03), em queda de 0,05%, aos 122.180,11 pontos, em meio à pressão negativa de Vale, mas com o suporte dos bancos, após nova revisão para cima em projeções de economistas para a taxa básica de juros no Brasil em 2024.

O volume financeiro somou R$ 21,15 bilhões, ante uma média diária de R$ 23,6 bilhões no ano.

De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, não há catalisadores que estimulem compras na bolsa paulista no curto prazo. Mesmo em um dia de queda nos yields dos Treasuries, disse, perspectivas mais negativas do lado fiscal e da inflação no Brasil minam o interesse pelas ações brasileiras.

Nesta segunda-feira, pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com economistas mostrou novo aumento na previsão para a Selic, com as estimativas agora apontando apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual em 2024, com a taxa terminando o ano a 10,25%. Para 2025, o prognóstico passou de 9% para 9,18%.

A pesquisa também mostrou nova deterioração nas previsões para a inflação medida pelo IPCA para 2024 e 2025.

Dados da B3 mostram que o estrangeiro também continua vendendo mais do que comprando, com o saldo em maio até o dia 29 negativo em R$ 824,8 milhões. No ano, a saída líquida supera R$ 35 bilhões, conforme os dados mais recentes disponíveis, que não consideram ofertas de ações.

Nem o forte alívio nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano nesta sessão, com dados de atividade manufatureira dos Estados Unidos favorecendo expectativas de que o Federal Reserve corte a taxa de juros ainda este ano, foi suficiente para entusiasmar investidores no mercado brasileiro.

As bolsas em Nova York, contudo, tiveram um desempenho misto, enquanto agentes financeiros aguardam especialmente dados do mercado de trabalho do EUA previstos para os próximos dias, incluindo o “payroll” na sexta-feira, tendo no radar decisão de política monetária do Fed no final do mês.

Em sua carteira recomendada para o mês, estrategistas do BTG Pactual afirmaram que, depois de mais um desempenho fraco em maio, ainda acreditam que o Ibovespa está muito barato e que já precifica perspectivas fiscais piores no Brasil e cortes mais lentos e menores nas taxas de juros dos EUA.

“Não vislumbramos nenhum catalisador doméstico relevante, mas acreditamos que uma melhora nas perspectivas de corte de juros nos EUA pode ser suficiente para desencadear uma performance melhor”, afirmaram Carlos Sequeira e equipe em relatório enviado a clientes.

Destaques

– ITAÚ UNIBANCO PN fechou com acréscimo de 1,4% e BRADESCO PN subiu 0,3%. No setor, BTG PACTUAL UNIT valorizou-se 3,07% após anúncio no final da semana passada de que se comprometeu a comprar o controle acionário do Banco Nacional.

– VALE ON recuou 2,1%, contaminada pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com perda de 2,65%, a 843,5 iuanes (116,42 dólares) a tonelada, o menor valor desde 17 de abril.

– HYPERA ON encerrou em alta de 5,38%, em dia de recuperação, após três quedas seguidas, período em que acumulou uma perda de mais de 9%.

– LWSA ON ganhou 3,93%, tendo de pano de fundo que o conselho de administração da empresa de tecnologia aprovou a recompra de cerca de até 31 milhões de ações, equivalente a 7,36% do total de ações em circulação no mercado. O prazo do programa é de 18 meses.

– EMBRAER ON avançou 1,38%, com expectativas relacionadas a entregas, enquanto o BTG Pactual incluiu os papéis na sua carteira recomendada para junho. A companhia também anunciou que a Mexicana de Aviación, companhia aérea estatal do México, encomendou 20 jatos modelo E2.

– SUZANO ON caiu 3,26%, com o BTG Pactual excluindo os papéis da fabricante de papel e celulose de seu portfólio de recomendações para junho, afirmando que a tese de investimento mudou depois que a companhia anunciou que está considerando uma oferta pela International Paper.

– BRASKEM PNA recuou 1,43%, após notícia de que o ex-ministro Guido Mantega teria sido sondado pelo governo para integrar o conselho de administração da petroquímica. “Eu fui sondado pela Casa Civil e me coloquei à disposição”, disse Mantega à Bloomberg. “Se acaso os acionistas e a assembleia decidirem isso, então eu irei para o conselho da Braskem.”

– DASA ON, que não está no Ibovespa, disparou 11,4%, tendo no radar nota do colunista de O Globo Lauro Jardim, citando uma pessoa envolvida diretamente na transação, de que uma potencial fusão dos hospitais da empresa com os da Amil “ou fecha até sexta-feira ou, possivelmente, a transação morre”.

Dólar

O dólar à vista fechou a segunda-feira em baixa de 0,31% no Brasil, a R$ 5,2346, acompanhando o recuo da moeda norte-americana ante boa parte das divisas no exterior, com o real sendo favorecido ainda, conforme alguns profissionais do mercado, pela forte queda do peso mexicano após vitória da governista Claudia Sheinbaum na disputa eleitoral à Presidência do México.

Na sexta-feira a disputa pela formação da taxa Ptax já havia empurrado o dólar no Brasil para acima dos R$ 5,25, o que segundo alguns profissionais deixava uma margem para ajustes nesta segunda-feira.

Ainda assim, o dólar à vista chegou a oscilar em alta no início da sessão, atingindo a cotação máxima de R$ 5,2686.

Somente após a divulgação de números fracos sobre a indústria norte-americana a moeda se firmou em queda no exterior, o que também pesou sobre as cotações no Brasil.

O Índice de Gerentes de Compras do setor de manufatura do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) caiu de 49,2 em abril para 48,7 em maio. Foi o segundo declínio consecutivo e o segundo mês abaixo do nível de 50, que separa o crescimento da contração. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura de 49,6.

Os números deram fôlego à leitura de que o Federal Reserve pode cortar juros em 2024, o que fez as taxas dos Treasuries e as cotações do dólar cederem no exterior. No Brasil, a moeda à vista também renovou mínimas.

“O dólar chegou a trabalhar em alta mais cedo, mas engatou a queda depois dos dados norte-americanos”, comentou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, acrescentando que a eleição de Sheinbaum na presidência do México era outro fator citado nas mesas para que o real ganhasse força.

“Há uma leitura de que, isoladamente, a eleição é favorável ao real, pelo menos no curto prazo, caso se confirme o risco fiscal com a nova presidente do México”, acrescentou.

A eleição de Sheinbaum e as vitórias do partido governista no Congresso ligaram a luz amarela nos mercados, em meio a preocupações sobre a disposição da nova presidente em promover o equilíbrio orçamentário no México. Com isso, parte dos investidores fugiu do peso mexicano — que cedia mais de 3% durante a tarde — e realocou recursos em outras divisas, como o peso chileno e o real.

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