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Freada brusca: entenda o que levou Musk a demitir 10% dos funcionários da Tesla

A montadora de carros mais valiosa do mundo está com problemas. Num e-mail enviado a funcionários da Tesla nesta segunda-feira (15), Elon Musk anunciou que 10% dos 140 mil empregados serão dispensados. Tudo em nome de uma redução de custos que ajudará a Tesla a encontrar seu “próximo ciclo de crescimento”, nas palavras do CEO.

Este é o episódio mais recente de um processo que talvez já possa ser chamado de crise mesmo. Não que a Tesla esteja indo à bancarrota, mas as dificuldades enfrentadas pela empresa não são nada desprezíveis. As ações da companhia caem cerca de 30% este ano, destoando das outras seis integrantes do Magnificent 7 (Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet, Amazon e Meta).

2024 já começou com a Tesla destronada. Antes líder em vendas de carros elétricos no mundo, a montadora foi ultrapassada pela chinesa BYD no último trimestre do ano passado. Se em 2011 Musk gargalhou quando questionado sobre o potencial competitivo da BYD – “você já viu o carro deles?” –, em 2024 ele definiu as fabricantes de carros elétricos da China como “extremamente boas” e “as marcas mais competitivas do mundo”.

No Brasil, o avanço chinês é particularmente visível. Enquanto a Tesla ignora a existência do nosso mercado automotivo (o 6º maior do mundo), BYD e GWM planejam abrir fábricas por aqui.

LEIA MAIS: De Luciano Huck a Nathalia Arcuri, BYD faz ofensiva para popularizar elétricos

A produção da Tesla caiu 8,5% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, a primeira redução anual desde a pandemia. Nos Estados Unidos, os motoristas estão mais interessados em comprar carros híbridos – movidos à eletricidade e à gasolina – do que em levar para casa veículos 100% elétricos. Isso encolhe o mercado da Tesla, que responde por metade da venda de elétricos na maior economia do mundo.

Embora se veja como uma empresa de tecnologia, a Tesla também enfrenta problemas bem típicos das tradicionais fabricantes de veículos, como o ciclo de modelos dos seus carros. Seus grandes sucessos ainda são o Model 3 (lançado em 2017) e o SUV Model Y (em produção desde 2020), que pouquíssimo mudaram desde que entraram no mercado.

Encontro de Elon Musk com Javier Milei nos Estados Unidos. Crédito: conta de Javier Milei no X

O último lançamento aconteceu em novembro, quando o futurístico Cybertruck passou a ser vendido. Mas trata-se de um carro de nicho: custa a partir de US$ 82 mil (contra US$ 45 mil do Model Y). Isso significa que o modelo é, no mínimo, pouco escalável. Não é o tipo de best seller recorrente do qual montadoras precisam para fazer caixa.

Esse cenário já levou a montadora a cortar os preços dos seus carros. Na tentativa de não perder mais nacos dos mercado para os concorrentes asiáticos, a empresa espremeu suas margens operacionais e preocupou investidores. A questão agora é se a Tesla será capaz de manter-se inovadora – e se o corte nos custos ajudará a empresa comandada por Musk a reencontrar o caminho do crescimento.

LEIA MAIS: Nacionalismo da China complica a vida de empresas ocidentais

Confira o e-mail de Elon Musk aos funcionários da Tesla

“Ao longo dos anos, crescemos rapidamente com várias fábricas se expandindo ao redor do mundo. Com esse crescimento acelerado, houve duplicação de funções e cargos em certas áreas. Ao prepararmos a empresa para a próxima fase de crescimento, é extremamente importante analisar todos os aspectos da empresa em busca de redução de custos e aumento da produtividade.

Como parte desse esforço, realizamos uma revisão completa da organização e tomamos a difícil decisão de reduzir nosso quadro de funcionários em mais de 10% globalmente. Não há nada que eu odeie mais, mas é necessário. Isso nos permitirá ser enxutos, inovadores e ávidos para o próximo ciclo de crescimento.

Gostaria de agradecer a todos que estão deixando a Tesla pelo trabalho árduo ao longo dos anos. Estou profundamente grato por suas muitas contribuições para nossa missão e desejamos sucesso em suas oportunidades futuras. É muito difícil dizer adeus.

Para aqueles que permanecem, gostaria de agradecer antecipadamente pelo trabalho difícil que está por vir. Estamos desenvolvendo algumas das tecnologias mais revolucionárias em automóveis, energia e inteligência artificial. Ao prepararmos a empresa para a próxima fase de crescimento, sua determinação fará uma grande diferença para nos levar até lá.

Obrigado,
Elon”

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