Ibovespa acumula alta na semana, mesmo com Petrobras; dólar cai mais de 1%
O Ibovespa fechou com uma variação modesta nesta sexta-feira, alta de 0,1%, aos 128.150,71 pontos, mas acumulou variação positiva de 0,43% na semana, mesmo com Petrobras pressionando o indicador, após o anúncio da demissão de Jean Paul Prates do comando da empresa.
Já a Vale proporcionou um suporte relevante na esteira da alta do minério de ferro após anúncio de medidas para o setor imobiliário na China.
O volume financeiro somou R$ 23,87 bilhões.
De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a bolsa teve uma sessão “meio de lado” e sem notícias relevantes, com Petrobras ainda pressionada sob perspectiva de o plano de investimento ser revisado, com desembolsos maiores e consequente queda no valor dos dividendos pagos aos acionistas.
O pregão brasileiro também teve como pano de fundo uma certa acomodação em Wall Street, onde o S&P 500 fechou com um ganho discreto, após um começo de semana mais otimista endossado por dados apoiando apostas de que o Federal Reserve deve começar a cortar os juros da maior economia do mundo em setembro.
O clima mais contido nesse pregão acompanhou declarações mais cautelosas de autoridades do banco central norte-americano desde a véspera, reconhecendo os dados mais benignos, mas ainda querendo mais evidências sobre o arrefecimento da inflação.
A diretora do Fed Michelle Bowman repetiu nesta sexta-feira sua opinião de que a inflação cairá ainda mais com a manutenção da taxa básica, mas disse que não observou nenhuma melhora este ano e continua disposta a aumentar os juros caso o progresso no controle dos índices de preços pare ou se reverta.
Do ponto de vista da análise técnica, a equipe do Itaú BBA afirmou que o Ibovespa segue travado no curtíssimo prazo entre 130.000 e 127.100 pontos.
“O momento é de esperar um rompimento para buscar algum sinal do próximo passo do mercado. Se conseguir ultrapassar os 130.000 pontos, poderemos ver o índice buscar as regiões de 131.700 e 134.400 – topo histórico”, afirmaram os analistas no relatório Diário do Grafista enviado a clientes.
Do lado da baixa, eles pontuaram que se, perder os 127.100 pontos, o Ibovespa deixará sinal de topo e poderá buscar novamente a mínima recente deixada em 123.300 pontos
Destaques
– PETROBRAS PN fechou em baixa de 1,66%, ainda fragilizada pelos receios envolvendo a troca do comando da estatal, anunciada na terça-feira. Magda Chambriard, indicada pelo governo federal para ser a próxima presidente da estatal, recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a missão de acelerar investimentos no comando da companhia, para que a petroleira seja a principal indutora de emprego e renda no país, afirmaram nessa semana pessoas com conhecimento das conversas.
– VALE ON avançou 1,96%, endossada pela alta dos preços do minério de ferro na China, após o banco central chinês viabilizar o equivalente a 138 bilhões de dólares em financiamento extra e flexibilizar regras de hipoteca. Além disso, governos locais na China se preparam para comprar “alguns” apartamentos. O futuro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 2,18%, a 891,5 iuanes (US$ 123,47) a tonelada.
– ITAÚ UNIBANCO PN terminou com variação positiva de 0,03%, enquanto BRADESCO PN fechou com acréscimo de 0,52%.
– GERDAU PN caiu 2,54%, em dia de ajustes, após forte valorização nos últimos dois pregões. Analistas do Safra elevaram o preço-alvo dos papéis de R$ 20 para R$ 22,10, citando melhor momento operacional, mas reiteraram recomendação “neutra”, citando preocupação que um posicionamento pesado e expectativas mais elevadas para resultados futuros possam limitar o “upside” e trazer risco de “downside”, se os resultados não corresponderem às expectativas do mercado.
– 3R PETROLEUM ON saltou 7,14%, após o conselho de administração aprovar a incorporação da Enauta, formando uma companhia de petróleo com “alto” potencial de crescimento nos próximos anos. O colegiado da petrolífera também aprovou a incorporação da Maha Energy Holding, em medida que viabiliza que a 3R Offshore passe a ser totalmente detida pela 3R, o que era uma condição precedente para a incorporação da Enauta. ENAUTA ON, que não faz parte do Ibovespa, subiu 3,65%.
Dólar
O dólar à vista fechou a sexta-feira em baixa de 0,54% ante o real, a R$ 5,1031 na venda, sob influência de uma série de fatores, como comentários sobre juros do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, venda de moeda por parte de exportadores e queda da moeda norte-americana no exterior, com receios sobre os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul também permeando os negócios.
Em primeiro lugar, repercutiu nas mesas de operação entrevista concedida por Campos Neto ao Estadão, em que afirmou que não poderia antecipar novos cortes da taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano. Ele também defendeu que é prerrogativa da autarquia mudar sua orientação futura quando necessário e disse que a instituição precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião.
“Campos Neto falou no sentido de que talvez não corte mais juros, e isso é favorável para o real em função da arbitragem”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. Com taxas de juros mais elevadas, o Brasil seguirá, em tese, atrativo ao capital internacional, o que traz pressão de baixa para o dólar.
Um segundo fator para a baixa do dólar, conforme Rugik, é que exportadores aproveitaram as cotações em níveis mais elevados para vender moeda.
Por outro lado, havia certa cautela no mercado em relação aos desdobramentos, sobre a economia brasileira, do desastre provocado pelas chuvas no sul do país. Isso permeou tanto os negócios com juros futuros quanto as operações com moedas.
Durante a tarde a divisa dos EUA ainda renovou as mínimas no Brasil, ajudada pelo exterior, onde o dólar cedia ante boa parte das demais divisas.
Especificamente, o real era ajudado pela nova alta do minério de ferro no mercado internacional, em meio aos esforços recentes da China para sustentar seu setor imobiliário. O Brasil é um grande exportador da commodity.