Ibovespa cai 0,71% na semana; dólar acumula alta de 1,75%
O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, encerrou em queda de 0,46% nesta sexta-feira (10), aos 127.599,57 pontos, enquanto na semana caiu 0,71%.
Na máxima do dia, chegou a 129.021,93 pontos. Na mínima, a 127.466,58 pontos. O volume financeiro somou R$ 22,9 bilhões.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários abriram em alta, mas perderam força com queda na confiança do consumidor em maio. “O Ibovespa acabou sendo um pouco contaminado por isso”, afirmou Luan Alves, analista chefe da VG Research.
As bolsas em Wall Street, contudo, retomaram fôlego mais à tarde, com Dow Jones em alta de 0,32%, S&P subindo 0,16% e Nasdaq praticamente estável (-0,03%), enquanto investidores digeriam falas de autoridades do Federal Reserve.
Na agenda doméstica, repercutiu ainda o IPCA de abril, que subiu 0,38%, depois de uma alta de 0,16% em março. Nos 12 meses até abril, o indicador avançou 3,69%, de 3,93% em março.
Para Alexsandro Nishimura, ecomomista e sócio da Nomos, o dado apresentou “inflação ligeiramente acima das projeções, mas mostrou desaceleração em serviços subjacentes, não alterando as expectativas para o ano”.
Na semana, as atenções também estiveram voltadas para uma bateria de balanços corporativos, redução no ritmo do corte de juros no Brasil de 0,25 ponto percentual, para 10,5%, e as consequências relacionadas às inundações no Rio Grande do Sul.
“O Ibovespa ainda está lateralizado”, disse Alves, da VG Research. “Já tem alguns meses (que) ele fica nessa faixa entre 125 mil e 130 mil pontos.”
Dólar
O dólar à vista subiu pela terceira sessão consecutiva no Brasil, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana no exterior, após dados mostrarem uma piora da expectativa de inflação nos Estados Unidos e depois de comentários cautelosos de dirigentes do Federal Reserve sobre a política monetária no país.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,1578 na venda, em alta de 0,28%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou ganho de 1,75%.
Às 17h22, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,33%, a 5,1650 reais na venda.
Na quinta-feira o dólar havia avançado mais de 1% ante o real em meio aos receios de que o Banco Central possa se tornar mais brando no combate à inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula se tornarão maioria na instituição.
Nesta sexta-feira a moeda norte-americana chegou a oscilar no território negativo no início da sessão, ensaiando um ajuste após o forte avanço recente.
A divulgação do índice de confiança do consumidor dos EUA, medido pela Universidade de Michigan, mudou o cenário no fim da manhã. A leitura preliminar ficou em 67,4 em maio, em comparação com uma leitura final de 77,2 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura preliminar de 76,0.
Já a leitura sobre as expectativas de inflação para um ano subiu para 3,5% em maio, de 3,2% em abril. A perspectiva de inflação para cinco anos aumentou para 3,1%, de 3,0% no mês anterior.
Comentários de autoridades do Fed sobre a política monetária e a inflação ajudaram a completar o cenário de maior cautela no exterior, o que fez o dólar ganhar força ante outras divisas.
Autoridades do FED
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse em uma entrevista à Reuters que a economia deve estar desacelerando, mas que o momento de corte de juros nos EUA segue incerto.
Já a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse haver “incertezas” sobre se a política monetária está suficientemente restritiva para reduzir a inflação para a meta de 2%. Segundo ela, é “muito cedo” para cortar as taxas de juros.
“As declarações dos ‘Fed-boys’ e a divulgação do sentimento do consumidor, com a inflação ainda forte, deram força ao dólar, que subiu lá fora e aqui também”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Após virar para o terreno positivo, o dólar à vista marcou a máxima de R$ 5,1623 (0,37%) às 14h22.
Além da influência vinda dos EUA, profissionais do mercado ponderaram que as notícias no Brasil também não favoreciam uma queda do dólar ante o real.
Ainda permeavam os negócios — em especial no mercado de juros futuros — receios em torno do Banco Central e a expectativa antes da divulgação, na próxima terça-feira, da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). Os possíveis efeitos sobre a economia da tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul eram outro fator de cautela entre os investidores.
No exterior, o dólar seguia em leve alta ante moedas fortes no fim da tarde.
Às 17h21, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,08%, a 105,300.
Pela manhã o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.