Índia desponta entre emergentes e mercado acionário do país pode ser 3º maior do mundo
Se a previsão do Morgan Stanley estiver correta, até 2030, o mercado acionário indiano será o terceiro maior do mundo. No entanto, outras projeções e análises de grandes instituições também apontam apontam para essa direção. E o motivo é porque o país está em melhor posição entre os emergentes, especialmente a China.
Segundo o Jenus Henderson, a Índia oferece muitas opções para os investidores se alinharem com o crescimento do país. Um exemplo dado foi o fato de os consumidores estarem assumindo mais hipotecas, adquirindo mais produtos para a poupança além do maior uso de mecanismos de pagamentos digitais.
“Vemos isso no crescimento estrutural da demanda de viagens e nas agências de viagens on-line que fornecem esse serviço. E vemos isso no sucesso que muitas empresas indianas estão tendo ao tornar seus modelos de negócios globais, incluindo diversos setores, como o de embalagens sustentáveis de bens de consumo”, disseram em relatório.
Mas para além destes negócios, há também uma crescente onda de investimento de empresas de biotecnologia e dispositivos médicos, assim como em energia solar, eólica, além de baterias para carros elétricos – todas indianas.
A grande questão é que está em curso uma mudança relevante nos mercados globais, com investidores retirando milhões de dólares da China dado a economia estar mais estagnada, apesar dos crescentes impulsos que o governo chinês vem adotando. Por duas décadas a China foi a aposta do país de maior crescimento do mundo. E agora uma parte desse dinheiro está indo para a Índia.
Gigantes de Wall Street como Morgan Stanley e Goldman Sachs endossam o país que fica no sul da Ásia como o principal destino de investimento da década. Já o Janus Henderson Group está explorando aquisições de fundos.
O gerente de portfólio Daniel Graña analisa a Índia como sendo um país que pode crescer de forma confiável, com um crescimento do PIB de um dígito por duas décadas, além de ter um ecossistema certo para a inovação.
“Tem a estrutura política certa, a transparência, a demografia certa, as equipes de gestão certas que entendem o papel dos mercados de capitais”, apontou.
E os investidores estão atentos a estes pontos, com a Índia se sobressaindo entre os emergentes com uma economia que mais cresce no mundo, segundo a Bloomberg.
A China, por sua vez, enfrenta problemas econômicos crônicos, com desaceleração no consumo, apesar dos estímulos do governo.
Mesmo que o otimismo em relação à Índia não seja assim tão novo, é provável que os investidores vejam agora um mercado semelhante à China de tempos passados: uma economia vasta e dinâmica que se está a abrir ao dinheiro global de formas inovadoras.
Apesar da pobreza ser uma realidade no meio da população, os riscos de apostar contra a Índia são maiores. Por isso, os fluxos de capital provam isso.
No mercado de fundos negociados nas bolsas americanas, o principal fundo que compra ações indianas recebeu entradas recorde no último trimestre de 2023, enquanto os quatro maiores fundos da China combinados registraram saídas de quase US$ 800 milhões, segundo a Fund Flows and Allocations (EPFR).
Em meados de Janeiro, a Índia ultrapassou brevemente Hong Kong para se tornar o quarto maior mercado acionário do mundo. Sobre este ponto, vale destacar que o país tem o mercado menos concentrado entre os emergentes, o que implica em uma baixa dependência de empresas e setores, ao mesmo tempo que melhora a diversificação dos investidores. A análise é de Nenad Dinic, estrategista de Equity e Mark Shirreff Matthews, head de ações asiáticas – ambos da Julius Baer.
Em tempos em que bigtechs dominam os ganhos do S&P 500, como é o caso das “Magnificent 7“, a Índia se destaca com a menor dependência dos pesos pesados dos índices.
“Acreditamos que a grande amplitude do índice torna a Índia um país de investimento particularmente atraente para investidores que procuram exposição aos mercados emergentes, uma vez que reflete riscos mais baixos para empresas ou setores individuais, melhorando assim a diversificação. Para além destes aspectos técnicos, o atual cenário macroeconômico da Índia apoia ainda mais a nossa elevada convicção”, disseram em relatório.
Na seara macro, vale o destaque de que o governo pretende reduzir o seu déficit fiscal para 5,1% do PIB em 2025 (contra 5,8% em 2024) e projeta um crescimento do PIB em 2025 de cerca de 7%,o que torna a Índia na economia de crescimento mais rápido este ano, segundo a Julius Baer.
Daniel Graña, do Janus Henderson, acredita na tese de que ações de mercados emergentes que apostam em inovação e boa governança oferecem um bom caminho para navegar no curto prazo dado incertezas geopolíticas e até mesmo políticas – uma vez que em 2024 a Índia vai às urnas. Por esse último ponto é que uma certa volatilidade não está descartada.
“Por que comprar ações de mercados emergentes? Deixe-me reformular a pergunta: Por que comprar em um mercado de ações dos EUA restrito, negociando com avaliações caras, quando você poderia comprar em mercados emergentes que não são tão bem compreendidos, não são tão bem investidos, não são tão caros, com muitas dessas empresas excelentes e atraentes”, indaga Graña. Fica a reflexão.
Em tempo: a Índia já é responsável por 7% da produção global do iPhone, segundo a Bloomberg. O Google Pay, da Alphabet, planeja trabalhar com o sistema de pagamentos móvel da Índia – que gera bilhões de transações todos os meses – para expandir os serviços para além do país. E o governo indiano, por sua vez, anunciou no final de janeiro que vai aumentar seus gastos com infraestrutura em 11%, para 11,1 trilhões de rúpias (cerca de US$ 134 bilhões), no próximo ano fiscal.
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