Índice acionário do Japão, Nikkei sofre maior queda desde crash de 1987
Por Ankur Banerjee e Junko Fujita
TÓQUIO (Reuters) – As ações japonesas registraram nesta segunda-feira a maior perda em um único dia desde as liquidações da Segunda-feira Negra de 1987, impulsionadas pela queda da semana passada nos mercados acionários globais, preocupações econômicas e temores de que os investimentos financiados por um iene barato estivessem sendo desfeitos.
O índice acionário Nikkei caiu impressionantes 12,4%, já que os dados desanimadores de sexta-feira sobre empregos aumentaram as preocupações com uma possível recessão e o iene subiu para o maior valor em sete meses em relação ao dólar. Esse foi o pior resultado do índice em termos percentuais desde o crash de outubro de 1987.
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As ações do setor bancário do Japão lideraram as perdas, o que empurrou o Nikkei para território baixista, devido à sua queda de 27% em relação ao pico de 42.426,77 em 11 de julho.
De 11 de julho até o fechamento desta segunda-feira aos 31.458,42 pontos, o Nikkei perdeu 113 trilhões de ienes (US$ 792 bilhões) em valor de mercado.
“O rápido movimento do iene está pressionando para baixo as ações japonesas, mas também está levando a uma reversão de um grande carry trade — os investidores se alavancaram tomando empréstimos em ienes para comprar outros ativos, principalmente ações de tecnologia dos Estados Unidos”, disse Kyle Rodda, analista sênior do mercado financeiro da Capital.com em Melbourne.
“Basicamente, estamos vendo uma desalavancagem em massa, já que os investidores vendem ativos para financiar suas perdas.”
O Nikkei perdeu 4.451,28 pontos nesta segunda-feira, sua maior queda em um dia em termos de pontos, ofuscando os 3.836,48 pontos que perdeu em 20 de outubro de 1987, quando o crash do mercado acionário global da Segunda-Feira Negra atingiu os mercados japoneses.
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O Ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, disse que o governo está monitorando os mercados com “grande preocupação”.
“É difícil dizer o que está por trás do declínio das ações”, disse Suzuki aos repórteres.
A maioria dos analistas disse que nem as expectativas em relação à taxa de juros nem os dados econômicos poderiam explicar a gravidade da liquidação, embora ela tenha sido possivelmente impulsionada pelo aumento do iene, cujos rendimentos de curto prazo próximos de zero e a depreciação constante o tornaram a moeda de financiamento de investimentos no valor de bilhões de dólares durante anos.
O iene teve sua última alta de 2,5%, a 142,96 por dólar, e subiu 14% em menos de um mês, impulsionado, em parte, pelo aumento da taxa de juros pelo Banco do Japão na semana passada e pela desvalorização das operações de carry trade financiadas pelo iene.
“Em resumo, não apenas a moeda, mas todo o comércio de ‘valor’ no Japão, que sequestrou nosso mercado por dois anos, está sendo desfeito”, disse Richard Kaye, gerente de portfólio da Comgest, em Tóquio.