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Paris-2024: num ranking balizado por PIB per capita, Brasil ficaria à frente dos EUA

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Após 16 dias de disputas por 329 pódios, Paris encerrou as Olimpíadas de 2024 com Estados Unidos e China com 40 medalhas de ouro cada, mas os EUA levaram a melhor no total de medalhas. Foto: Alexandre Loureiro/COB

Parece forçação de barra, mas é só um exercício estatístico. EUA e China, os dos maiores PIBs do planeta, lideraram também o quadro de medalhas nas Olimpíadas de Paris – o que deixa ainda mais clara uma relação óbvia: quanto maior a riqueza bruta de um país, melhor tende a ser o desempenho dele nos Jogos.

Não que essa seja uma relação linear, claro. O Brasil, 8º PIB do mundo, ficou apenas em 20º no quadro de medalhas do COI.

Mas… Não fica nisso. PIB é uma coisa. PIB per capita é outra. É o Produto Interno Bruto por habitante que diz, de fato, o quão rico é um país.

No nosso caso, o quão pobre. No ranking de PIB per capita, amargamos a 46ª posição, entre Granada e Cuba. Armênia, Albânia e Sérvia também povoam nossa vizinhança. Só que, entre os países de PIB per capita mirrados, fomos bem, com nossos 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes.

Para calcular o quão bem, criamos uma “pontuação olímpica” baseada no quadro de medalhas: ouro valendo quatro pontos; prata, dois; e bronze, um. Isso nos deixa com 36 pontos.

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O passo seguinte foi pegar o PIB per capita e dividir pela pontuação. Isso mostra o “custo” de cada ponto por esse critério – quanto mais “barato”, melhor a performance do país, pois mostra que a nação conseguiu fazer mais com menos, ou seja, mais pontos olímpicos com menos riqueza por habitante.

Nosso PIB per capita é de US$ 10.043 por ano. Dividido por 36, dá US$ 279.

Agora vamos comparar com os EUA. São US$ 81.695 de PIB por cabeça. Os 40 ouros, 44 pratas e 42 bronzes dos conterrâneos de Simone Biles lhes renderam 290 pontos. US$ 81.695/290 = US$ 282. Ou seja: eles “pagaram” mais caro por suas conquistas olímpicas.

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Dobradinha dos EUA no pódio da final do salto: ouro e bronze para as americanas Simone Biles e Jade Carey, respectivamente, e prata para a brasileira Rebeca Andrade. Foto: Wander Roberto/COB

No ranking por esse critério, o Brasil ocupa a 9ª posição. Os EUA ficam com a 10ª. E o top 10 está coalhado de países mais pobres: Quênia, Etiópia, Uzbequistão… Significa que os EUA seguem bem, obrigado: mesmo com um PIB per capita monstruoso, foram tantas medalhas que eles nem caem tanto assim.

E a grande não-zebra desse rol acaba sendo a China. Apesar de ser o segundo maior PIB do mundo, na medida per capita ela é apenas o 41º, posição semelhante à do Brasil. Como ganhou um caminhão de medalhas mesmo assim, ela lidera esse ranking com certa folga. Cada ponto custou meros US$ 53.

Veja aqui:

É isso. Mais abaixo, veja outros dois rankings. Um com a pontuação dividida pelo PIB total e outro com a quantidade de pontos a cada 100 mil habitantes. Nos dois casos, o ouro, a prata e o bronze vão para países do Caribe.

Destaque para a pequena Dominica (não confundir com República Dominicana, que fica mais ao norte e é bem maior).

Virtualmente todos os 73 mil habitantes da ilha vibraram quando Thea LaFond venceu no salto triplo e conquistou o primeiro e único ouro do país – sua única medalha também. Agora, eles estão no topo do ranking de medalhas por 100 mil habitantes: considerando o peso 4 para o ouro a conta dá 5,5 pontos a cada 100 mil pessoas.

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Thea LaFond conquistou o primeiro ouro da história da Dominica nas Olimpíadas. Foto: Carl Recine/Getty Images

Santa Lúcia, outro micro-país caribenho, com 180 mil habitantes, fica em segundo nos dois rankings – com um ouro e uma prata em Paris, ambos pelas mãos (ou melhor, os pés) de Julien Alfred. E tem outro feito para chamar de seu: a ilha tem também dois prêmios Nobel (um de economia, em 1979, e um de literatura, de 1992).

Algo que o Brasil ainda está à espera. Mas essa é outra história.