Petisco ameaçado: embargo ao frango brasileiro afeta consumo de pé de galinha na China
Muito presentes nos cardápios dos restaurantes dim sum (petiscos) e lanches populares de rua, os pés de galinha enfrentam um aumento de preços que ameaça colocá-los fora do alcance de muitos consumidores chineses.
Os preços no atacado da iguaria saltaram cerca de 10% desde que o Brasil interrompeu as exportações de frango para a China no fim da semana, após um surto do vírus Newcastle, de acordo com o Qinbaowang, um site da indústria alimentícia. Embora produza pés de galinha, um produto descartado em muitos países, a China depende fortemente de quantidade estrangeira. No ano passado, o país importou cerca de US$ 2,3 bilhões, com mais de 40% vindo do Brasil.
Os preços do produto subiram cerca de um terço desde o início de 2022, segundo dados do site da Xinfadi, um mercado agrícola em Pequim. Os pés de galinha são agora duas vezes mais caros que os preços de atacado de carne normal de aves.
A popularidade crescente do corte – que se tornou um item popular em restaurantes de hotpot e macarrão – é um dos motivos pelos quais estão se tornando tão caros. Os chefs também desenvolveram novas variedades, como pés de frango frito e pés desossados com sabor de limão, que também são ricos em colágeno e melhoram a pele.
O embargo brasileiro é o exemplo mais recente deste tipo de choque de oferta, que também ajudou a aumentar os preços nos últimos anos. Os surtos de gripe aviária em todo o mundo atuaram para uma queda de 20% nas importações chinesas no ano passado, seguido por um declínio de 25% no primeiro semestre de 2024, mostram os dados alfandegários.
A popularidade crescente dos pés de galinha significou que, pelo menos até agora, eles foram capazes de contrariar a tendência dos consumidores na China – atingida pelo agravamento da crise econômica – de renunciar a alimentos mais caros. Mas a medida brasileira pode ser uma gota d’água, com reportagens da mídia local e mídias sociais mostrando pessoas reclamando de sua inacessibilidade.
Dependerá muito da capacidade do Brasil para conter rapidamente o surto do vírus. O país é o maior fornecedor de todos os produtos de frango para a China, respondendo por cerca de 60% das importações no primeiro semestre de 2024. Cerca de um quinto disso foram pés de frango.
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