Presidente do McDonald’s diz que é seguro comer lanches, após surto de bactéria
Um dia após um surto de E. coli ligado ao sanduíche Quarteirão na região oeste dos Estados Unidos deixar uma pessoa morta e 10 hospitalizadas, o McDonald’s entrou em modo total de controle de danos.
“Estamos muito confiantes que você pode ir ao McDonald’s e aproveitar nossos clássicos”, disse Joe Erlinger, presidente do McDonald’s nos EUA, no programa “Today”, da NBC, nesta quarta-feira (23).
“Quero dizer aos nossos consumidores que vocês podem ir ao McDonald’s com confiança hoje.”
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) emitiram um alerta de segurança alimentar nesta terça-feira (22), relatando pelo menos 49 casos da doenças em dez estados. A maioria dos casos está nos estados do Colorado e Nebraska, após a maior parte das pessoas que adoeceram consumirem o Quarteirão do McDonald’s.
“Tomamos uma ação rápida ontem para remover o Quarteirão do nosso menu”, disse Erlinger. “Se houver produto contaminado em nossa cadeia de suprimentos, é muito provável que ele já tenha sido eliminado dela.”
As ações do McDonald’s caíram quase 7% na abertura dos mercados nesta quarta-feira — possivelmente sendo o pior dia desde 12 de março de 2020, quando o mundo entrou em lockdown devido à Covid-19.
As lutas do Chipotle com E. coli
O incidente — e a reação imediata dos investidores — relembra a longa batalha do Chipotle, restaurante de comida mexicana, com surtos de E. coli e norovírus em várias de suas unidades, começando no verão de 2015.
Ao longo de três anos, durante os quais o Chipotle falhou repetidamente em conter os inúmeros surtos, suas ações, antes em alta, despencaram, perdendo dois terços de seu valor.
O Chipotle acabou enfrentando multas com valores baixos — US$ 25 milhões da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) em 2020 —, mas lutou para reconquistar os clientes que haviam ficado desgostosos.
Na época, a empresa eventualmente contratou um novo CEO, Brian Niccol, que no mês passado começou na Starbucks. Niccol ajudou a reverter a situação do Chipotle em 2018 ao retreinar os funcionários tinham contato com os alimentos da empresa para promover maior segurança. A empresa também realizava testes com seus empregados sobre os padrões de segurança alimentar.
Um ano após Niccol assumir, as ações da empresa se recuperaram totalmente do pesadelo de três anos de surtos.
O surto do Chipotle é o pior cenário possível para qualquer rede de restaurantes, e a situação de E. coli do McDonald’s parece estar limitada, pelo menos por enquanto, a um problema de abastecimento. Fatias de cebola provavelmente foram a fonte da contaminação, descobriu a FDA, e o McDonald’s parou de usar as cebolas e hambúrgueres de Quarteirão em vários estados, segundo o CDC.
Ainda assim, a investigação continua, e os investidores estão apreensivos. A empresa, em um comunicado, afirmou que estava tomando ações rápidas e decisivas para evitar que o surto se espalhasse.
“Em todo o Sistema McDonald’s, servir clientes com segurança em cada restaurante, todos os dias, é nossa principal prioridade e algo que jamais comprometemos”, disse a empresa.
Histórico de escândalos do McDonald’s
O McDonald’s já esteve em escândalos envolvendo seu cardápio.
Em dezembro de 2003, foi descoberto que um fornecedor da rede de restaurante tinha um incidente de doença da vaca louca, o que fez as ações caírem momentaneamente. No mesmo mês, a empresa afirmou que não havia evidências de que clientes estavam evitando o McDonald’s por conta do incidente isolado.
Em 2004, o documentário de grande sucesso do cineasta Morgan Spurlock, “Super Size Me”, criticou fortemente o McDonald’s por servir alimentos não saudáveis. O filme e seu tema ganharam atenção significativa da mídia, e a empresa, mais tarde naquele ano, eliminou as opções de tamanho “supersize” — tamanho gigante — de seu cardápio. Mas os investidores não foram afetados: as ações subiram cerca de um quarto naquele ano.
Em 2011, foi descoberto que o McDonald’s havia usado um tipo de carne conhecida como “limo rosa”, tratada com hidróxido de amônio. No ano seguinte, a empresa anunciou que não usava mais o “limo rosa”, só que rumores sobre seu uso contínuo atormentaram a empresa por uma década — e a empresa teve que emitir outro comunicado em 2021 para esclarecer a situação.
Mas o escândalo alimentar mais famoso do McDonald’s foi o processo do café quente em 1992, no qual uma mulher derramou café no próprio colo e sofreu queimaduras de terceiro grau. Um júri concordou com a alegação da mulher que o café estava excessivamente quente, fato comprovado, segundo o Museu Americano de Direito de Responsabilidade Civil.
O café estava “30 a 40 graus mais quente do que o servido por outras empresas”, disse o museu. A autora do caso inicialmente foi indenizada em quase US$ 3 milhões, mas acabou por aceitar um valor menor, em torno de US$ 480 mil, após um recurso.
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