Queimadas deixaram picanha 43,5% mais cara e café sobe 14%, aponta pesquisa
As mudanças climáticas apresentam impactos claros no mundo, e no agronegócio não é diferente. Mas agora, com a situação de seca e queimadas que atingem todo o Brasil, a situação se agravou.
Segundo um levantamento da Neogrid, cedido com exclusividade à CNN, produtos essenciais, como café, feijão, carnes e leite, encareceram com a piora da crise.
O aumento do número dos incêndios se deu ao longo de agosto, e a pesquisa aponta que, em um período de seis semanas, o preço das carnes bovinas foi o mais afetado.
Em específico o da picanha, que saltou 43,5%, de R$ 59,62 na semana de 4 de agosto para R$ 85,56 na de 15 de setembro.
“O aumento dos focos de incêndio intensificou o prejuízo sofrido pela produção de alimentos, que já vinha sendo afetada pelas secas”, explica Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid.
“Os impactos ocorrem na agropecuária devido à migração para a criação de gado em confinamento, o que envolve custos muito maiores e influencia diretamente no preço da carne e dos lácteos.”
Já o leite subiu 9,6% no mesmo recorte, saindo de R$ 6,02 por litro para R$ 6,60, segundo os dados cedidos à CNN.
De acordo com a MapBiomas, as queimadas destruíram um território equivalente ao da Paraíba só no mês de agosto. A maioria dos casos foi em áreas de pastagens usadas para a pecuária.
Perda de colheita
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) afirma que, só no interior do estado de São Paulo, cerca de 230 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar — ou 75% da produção paulista — foram atingidos em agosto.
O reflexo no preço do açúcar refinado foi de 5,9%, de acordo com a Neogrid. Porém, o café e o feijão viram altas ainda mais expressivas entre agosto e setembro, com seus subprodutos subindo até 14,4% e 22,1%, respectivamente.
“Os produtores estão enfrentando perda da colheita e da área para plantio com a antecipação da entressafra forçada, o que acaba refletindo nos custos de produção e na disponibilidade dos alimentos em gôndola e interferindo diretamente no preço dos itens”, analisa Fercher.
“Com o avanço das queimadas e a persistência da seca, a estimativa é de que os gastos com a produção dos alimentos continuem subindo e esses aumentos sejam repassados ao consumidor.”